Audiodescrição:
O óleo sobre tela, sem título, de 1966, mede 136 por 130 cm, na vertical, e retrata, sobre fundo branco acinzentado, uma figura geométrica retangular preta, deslocada para a esquerda, de contorno irregular, impreciso e ligeiramente esfumado. O retângulo que está na vertical tem um prolongamento ou aba na parte superior esquerda. Mesmo com poucas cores, o retângulo preto que ocupa grande parte da obra, parece flutuar no espaço predominantemente branco.
Observações curatoriais:
A série de pinturas produzidas por Tomie na década de 1960 tem como um de seus pontos comuns a proveniência de estudos em colagens. Esses estudos permitiram à artista combinar três temporalidades num mesmo processo criativo: a coleta paciente de fragmentos de materiais gráficos existentes, o instante do rasgo e a duração da elaboração da pintura. O procedimento permitia aliar agilidade e espontaneidade.
Para o crítico Miguel Chaia, o que é efetivamente único nesse processo de múltiplas traduções é o equilíbrio entre espontaneidade e controle, gesto e coreografia, plano e desvio. Tal qual na pintura em questão, a artista elabora uma potente dança entre o acaso e a decisão.