Olá! A Palavra de Deus fala com você. Sou Pastor Rudolf von Sinner, professor na Pontifícia Universidade Católica do Paraná em Curitiba. A palavra de hoje é do Salmo 74, versículo 21, onde lemos: “Não deixes que os perseguidos sejam humilhados, mas permite que os pobres e os necessitados te louvem.”

Queridas irmãs, queridos irmãos,

Em tempos não pandêmicos, há muitas festas, recepções e outros eventos onde se serve comida. Muitas vezes são aqueles salgadinhos, gostosos embora pouco saudáveis, para encher os olhos, satisfazer o paladar e agradar o ânimo. Às vezes, a comida e a bebida ficam mais importante do que a própria ocasião do evento, e há pessoas que ainda enchem a bolsinha de salgadinhos para levar para comer depois ou para compartilhar com sua família. Ninguém ia considerar isto furto, embora se tente esconder o ato em geral para não ficar constrangido. Acontece que as pessoas que estão em tais eventos não são pobres, são pessoas que tem condições de comprar sua própria comida. Mas nunca é demais levar vantagem, né? Saudações do saudoso Gerson que eternizou esta frase: “É preciso levar vantagem em tudo.”

Recentemente, circulou a notícia de uma mãe de cinco filhos, ela sim pobre, que foi presa por ter furtado dois miojos, uma garrafa de refrigerante e um suco em pó no valor total de R$ 21,00. Precisava de uma decisão do Superior Tribunal de Justiça para que fosse solta. O custo do processo foi muito maior do que o valor do furto. Não é a única nesta situação. 

Sem dúvida não é correto furtar ou roubar. Mas quem somos nós, que vivemos razoavelmente bem, para julgar pessoas que roubam nesta situação? Não é que pessoas de alto poder aquisitivo roubam ou sonegam milhões e nunca são presos? Não nos irritamos com a corrupção tão comum em nosso país como em tantos outros? E, no entanto, nossas prisões – lembrem-se temos a terceira maior população prisional do mundo, atrás apenas dos EUA e da China – estão cheias de pessoas que fizeram atos de valores insignificantes e por razões compreensíveis: saciar a fome!

É verdade que a tendência é que quem furtou nestas condições, o fará de novo. A prisão, no entanto, nada adianta. O que realmente ajuda é o combate à fome, a oferta de emprego, a solidariedade de igrejas, tão importante nestes tempos em que a fome aumentou muito diante da perda de renda e do aumento dos preços das coisas básicas da sobrevida.

Mesmo em situação de miséria, muitos pobres louvem a Deus. Pode ser a única âncora que têm, junto com a solidariedade da igreja a que pertencem. Quanto mais louvariam a Deus quando não humilhados, mas tendo o devido apoio e reais condições de sair da miséria?