Essa semana o LADO BI revê, com a ajuda do advogado e ativista Renan Quinalha, organizador do livro Ditadura e homossexualidades, como a ditadura militar brasileira tratava a cultura LGBT enquanto esteve no poder. Além de criar um inimigo interno político, a ditadura criou a figura do subversivo, aquela figura indesejável que não reproduz os valores tradicionais da família brasileira: o homem afeminado, a mulher masculinizada, as travestis. A luta contra esse mal da sociedade justificava todo tipo de violência contra LGBTs: a polícia utilizava crimes como 'vadiagem' ou 'atentado ao pudor' para deter homossexuais e travestis, extorqui-los e espancá-los. Muitas travestis quando presas cortavam-se com giletes para que fossem levadas ao hospital e não para a delegacia. Outras maneiras de reprimir a cultura LGBT eram apreender livros ou revistas voltados para LGBTs, fazer devassas contábeis em editoras e autores que produziam esse material, ou fazer vista grossa para atentados a bomba contra quem vendia esse tipo de material. O período de maior repressão à cultura LGBT, aponta Quinalha, foi quando o regime começava a abrandar politicamente: era uma forma de 'mostrar serviço': a política pode estar passando por uma abertura, mas isso não vai afetar os valores da nossa família. Quinalha vê também paralelos entre 1964 e atual situação política: certamente não vivemos numa democracia. Nas periferias das grandes cidades, hoje, em um ano desaparecem mais pessoas que em 20 anos de ditadura.