Lado Bi

#190 - Empretecer


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Apesar de ambos lutarem pela igualdade e representatividade, muitas vezes o movimento LGBT e o movimento negro batem cabeça. O cantor Gê de Lima, o produtor Leo Carter e a atriz Fabiana Pimenta discutem essa semana as intersecções entre essas duas identidades no Brasil de hoje. Representatividade é algo que nos falta muito, considera Lima. Onde você vê por aí um beijo gay entre dois negros ou duas negras? O beijo gay já é pouco mostrado, e quando ele é mostrado ele vem com um padrão de beleza. Pimenta conta como o racismo, mesmo dissimulado, afetou sua autoestima: Quando as pessoas não queriam ficar comigo eu pensava que era porque eu era feia. Depois eu descobri que era porque eu sou negra. Os preconceitos acabam sendo internalizados: Eu vi isso em mim e em muitos amigos, essa dificuldade de ficar com outros negros por não gostar do que vê no espelho, admite Lima. Isso tem efeito além dos relacionamentos românticos, continua Carter: A gente acaba acreditando que a gente está por baixo mesmo, e isso interfere nosso comportamento, nossas conquistas, as nossas próprias escolhas. O racismo se manifesta com força também dentro do meio LGBT: Eu já ouvi que ser lésbica não é coisa de negro, espanta-se Pimenta. Lima concorda: Já me disseram: 'Um negrão desse, viado?'. Fetichizam muito o homem negro - a gente não pode nem ter pau pequeno. Carter conclui: Se você mede seu interesse por outra pessoa pela cor da pele, você é racista, não tem conversa.
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Lado BiBy Marcio Caparica