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A comuna era uma associação de camponeses que recebiam, cada qual, uma porção de terra. Embora, sob muitos aspectos, o seu território coincidisse com o da aldeia, não havia identidade entre ambos, posto que muitos aldeões não tinham acesso à terra; professores rurais e padres não pertenciam à comuna. Em algumas regiões, uma aldeia maior podia conter mais de uma comuna. A comuna “repartia” a terra de que dispunha em muitas faixas estreitas, por períodos variados, ditados pelo costume local, usualmente entre 10 e 15 anos, de acordo com as mudanças de tamanho das famílias, causadas por mortes, nascimentos e partidas. O propósito de tais reassentamentos era assegurar a toda família uma terra arável o suficiente para alimentar seus integrantes e pagar seus impostos. As faixas se distribuíam conforme a qualidade do solo e a distância da aldeia.
Numa extensão que um ocidental, dificilmente poderia conceber, a Rússia rural era um mundo à parte, não integrada à sociedade nem às engrenagens administrativas. Seu relacionamento com a burocracia e a classe instruída assemelhava-se ao dos nativos africanos e asiáticos com seus governos coloniais. Permanecendo leal à antiga cultura moscovita, à sua aldeia ou, no máximo, ao cantão – vólost – o campesinato vivia à margem de ocidentalização a que Pedro, o Grande, sujeitara a elite do país. Os homens usavam barbas, falavam um idioma próprio, seguiam sua lógica, perseguiam seus interesses sem nada em comum com os agentes do poder, que não usavam barbas, ou com fidalgos proprietários de terra, que cobravam impostos, aluguéis e suprimentos sem dar nada em troca.
Bibliografia.
Tolstói, Liev ou Leon; De Quanta Terra Precisa o Homem ? - Companhia das Letrinhas, 2009.
PIPES, Richard; História Concisa da Revolução Russa - ed. Best Bolso, Quinta edição - Rio de Janeiro, 2017.
By RODOLFO MARETTO SALVADORA comuna era uma associação de camponeses que recebiam, cada qual, uma porção de terra. Embora, sob muitos aspectos, o seu território coincidisse com o da aldeia, não havia identidade entre ambos, posto que muitos aldeões não tinham acesso à terra; professores rurais e padres não pertenciam à comuna. Em algumas regiões, uma aldeia maior podia conter mais de uma comuna. A comuna “repartia” a terra de que dispunha em muitas faixas estreitas, por períodos variados, ditados pelo costume local, usualmente entre 10 e 15 anos, de acordo com as mudanças de tamanho das famílias, causadas por mortes, nascimentos e partidas. O propósito de tais reassentamentos era assegurar a toda família uma terra arável o suficiente para alimentar seus integrantes e pagar seus impostos. As faixas se distribuíam conforme a qualidade do solo e a distância da aldeia.
Numa extensão que um ocidental, dificilmente poderia conceber, a Rússia rural era um mundo à parte, não integrada à sociedade nem às engrenagens administrativas. Seu relacionamento com a burocracia e a classe instruída assemelhava-se ao dos nativos africanos e asiáticos com seus governos coloniais. Permanecendo leal à antiga cultura moscovita, à sua aldeia ou, no máximo, ao cantão – vólost – o campesinato vivia à margem de ocidentalização a que Pedro, o Grande, sujeitara a elite do país. Os homens usavam barbas, falavam um idioma próprio, seguiam sua lógica, perseguiam seus interesses sem nada em comum com os agentes do poder, que não usavam barbas, ou com fidalgos proprietários de terra, que cobravam impostos, aluguéis e suprimentos sem dar nada em troca.
Bibliografia.
Tolstói, Liev ou Leon; De Quanta Terra Precisa o Homem ? - Companhia das Letrinhas, 2009.
PIPES, Richard; História Concisa da Revolução Russa - ed. Best Bolso, Quinta edição - Rio de Janeiro, 2017.