O Poder da Oração

3 Ponta da Espiritualidade de Santa Catarina - 29/04/20


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Dentro da espiritualidade de Santa Catarina podemos destacar três pontos: intimidade com Deus, piedade e arrependimento e a Divina Providência. Em cada um deles, Catarina deixa-nos uma lição.

1 – A intimidade com Deus

Na sua obra “O Diálogo”, Santa Catarina preocupa-se com a busca do conhecimento da Verdade e do sumo Bem, que é Deus. É importante lembrar que esta obra de Santa Catarina, na verdade, foi organizada pelo Beato Raimundo de Cápua, e ditada por ela, a alguns ajudantes, que registravam as experiências místicas que a Santa tinha com Deus, ora reveladas por Deus Pai, ora por Deus Filho. Em uma das locuções, Jesus nos ensina que o passo inicial e fundamental para a busca da Verdade é o autoconhecimento:

“O Caminho para atingir o conhecimento verdadeiro e a experiência do meu ser – Vida eterna que eu sou – é este: nunca abandones o autoconhecimento! Ao desceres para o vale da humildade, reconhecer-me-ás em ti, e de tal conhecimento receberás tudo aquilo de que necessitas.”[2] Diante de tal conhecimento, o homem depara-se com o nada que é, e reconhece que o seu egoísmo é a fonte de todo o seu pecado. Por isso, há uma importância em reparar os nossos pecados.

Para chegarmos à perfeição, existe o que a Santa chama de “degraus do amor”, que são três: amor servil, amor interesseiro e, por último, amor amizade. O amor amizade reflete o mais sublime estado que o nosso relacionamento com Deus pode chegar. O Senhor revela a Santa Catarina o que significa este amor amizade: “A amizade íntima consiste nisto: que são dois corpos, mas uma só alma no amor, pois o amor transforma (o amante) na coisa amada. E quando (os amigos) se tornam uma só alma, entre eles já não haverá segredo. Por isso dizia meu Filho: ‘Viverei e moraremos juntos. [3]’”

Portanto, no amor amizade, aquele que alcança esse estado de graça, tem uma grande semelhança com os sentimentos de Cristo. Deseja estar constantemente em comunhão e escuta com o Pai: “Filha querida, convence-te de que na oração contínua, fiel e perseverante que todas as virtudes são adquiridas.”[4] Ou ainda, fazendo um paralelo entre a vida de oração e o autoconhecimento: “Como é agradável ao orante e a mim a prece feita na cela do autoconhecimento.”[5]

Profundo relacionamento com Jesus

Ademais, o Papa Bento XVI faz-nos lembrar do místico e profundo relacionamento que Santa Catarina tinha com Jesus: “Em uma visão que jamais se apagou do coração e da mente de Catarina, Nosso Senhor apresentou-a a Jesus, que lhe deu um esplêndido anel de ouro, dizendo: ‘Eu, teu Criador e Salvador, esposo-te na fé, que conservarás sempre pura, até quando vieres celebrar comigo no céu as tuas núpcias eternas’ (Raimundo de Cápua, S. Caterina da Siena, Legenda maior, n. 115, Siena, 1998). Aquele anel foi visível somente para ela.”[6]

Vale fazer a ressalva que, para Santa Catarina, a graça de deparar-se de forma humilde com os nossos pecados só é eficaz se estivermos com o olhar na paixão de Cristo, pois o erro ocorreria se formos falseados por nossos sentimentos de autocondenação: “Se não forem acompanhados pelo pensamento da paixão, o autoconhecimento e a reflexão sobre os próprios pecados, confundem a alma.” [7] Esta Santa também soube equilibrar o seu autoconhecimento a ponto de vivenciar tão grande humildade que, por muitas, vezes saiu o demônio vergonhosamente humilhado diante da vida virtuosa de Santa Catarina. “Maldita sejas tu, pois de nenhum modo consigo vencer-te! Se te rebaixo ao desespero, tu te elevas à misericórdia; se te engrandeço de vaidade, tu te rebaixas até o inferno pela humildade e aí me persegues. Não voltarei mais; tu combates com a lança da caridade” [8], disse a ela o demônio......

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O Poder da OraçãoBy Cássio Rogério de Lima