Amamos odiar e odiamos amar: a neuro–filo-sócio-psicologia dos sentimentos
Entre as linhas relacionais mais tênues, com certeza o amor e ódio são as “celebridades” do assunto. Infinitos são os filmes, séries, novelas e livros que retratam esse tema. Alguns apelativos, outros cômicos, mas falar sobre amor e ódio é, em geral, garantia de se fazer ouvir. O que a psicologia, a sociologia, a filosofia e a neurociência tem a dizer sobre isso?
Para a neurociência o amor está atrelado a uma série de substâncias liberadas na corrente sanguínea que nos impedem de agir racionalmente. Segundo artigo da revista Scientific American, cientistas descobriram que as áreas no nosso cérebro que respondem a esses sentimentos são as mesmas, o que torna o tema ainda mais interessante.
No ramo filosófico e sociológico, Platão diz que o amor consiste no desejo. Já para Aristoteles o amor se apropria da relação de felicidade. No pensamento cristão o amor é igual a renuncia. Os behavioristas afirmam que o amor é um conjunto de sensações e comportamentos aprendidos pelo indivíduo. O pessimista Schopenhauer afirma que o amor é o desejo inconsciente de perpetuar a espécie.
Independente da vertente seguida, amor e ódio são sensações e sentimentos relacionados intimamente à condição humana. Nesse sentido, Spinoza resume que amor e ódio são sentimentos contrários e que “o ódio é aumentado pelo ódio recíproco e, ao contrário, pode ser apagado pelo amor”.
Por que amamos algumas coisas e por que odiamos outras?
Amamos e odiamos coisas simplesmente por odiar ou amar? Quem nunca se perguntou: “por que não gosto desse filme?”. Entender os motivos pelos quais amamos ou adiamos algumas coisas nos faz refletir sobre quem somos e o que gostamos. Quais os pontos que nos tocam tão profundamente a ponto de despendermos atenção, sensações e sentimentos com alguma coisa? Pensar sobre o assunto estimula o autoconhecimento.
Pensar e refletir sobre aquilo que nos agrada ou que nos proporciona aversão é um exercício interessantíssimo de autoconhecimento. Desde muito novos criamos parâmetros para nós mesmos e vamos moldando nossas preferências de acordo com essas expectativas.
Para ser um bom “amador” ou um bom “odiador” precisamos, em primeiro lugar, entender como e porque algumas coisas nos são agradáveis ou não. A resposta está nas afeições e afetos que cultivamos ao longo de nossas trajetórias, nossas experiências e bagagens, nossas formações psicossociais e filosóficas, nossas referências construídas por aquilo que lemos, ouvimos, assistimos, convivemos e refletimos.
Outra vertente bastante usada é o que Marilena Chauí trata como simpatia e antipatia a alguma coisa. A simpatia é a propensão a gostar de alguma coisa e a antipatia é a aversão e a contraposição direta à simpatia. Essa simpatia e antipatia se dão, outra vez, através daquelas coisas que nos são familiares. Seja pela forma, por fazer menção, seja por lhe causar alguma sensação anteriormente obtida, a simpatia e antipatia estão atreladas aos parâmetros construídos ao longo da vida.
Sendo assim, o conjunto de informações e referências obtidas ao longo da vida nutrem o que chamamos de amar ou odiar. Nossas simpatias e antipatias são pré-disposições e estão ligadas às nossas principais características.
Por que amar Game of Thrones e odiar um tal de Jar Jar Binks?
Se você já viu, leu ou ouviu qualquer um desses nomes, provavelmente já sabe onde quero chegar. Por que amamos Game of Thrones? Porque sim! Ok, é válido, mas o que há de tão maravilhoso e fantástico nesse universo repleto de sangue, violência, personagens pouco desenvolvidos, fanatismo e marketing bem feito?
Sim,