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#43 – Ética na TI: Utopia ou realidade?


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O assunto de hoje é: Ética e TI. E vou começar contando uma história.



Uma consultora contratada para ajustar alguns processos de TI chegou para o meu diretor e disse: “As coisas não funcionam por falta de processos”. Então o diretor respondeu: “As coisas não funcionam por conta das pessoas”. E assim o debate prosseguiu durante horas.



Como eu estava no meu início de carreira, eu fiquei encantado com os argumentos da consultora, e até há alguns anos, eu seguia a mesma ideia. Naquela época, a consultora e o meu diretor deveriam ter a mesma idade; então, não era nem uma questão de quem era mais novo ou mais velho, pois ambos eram muito experientes, cada um no seu campo de atuação. Nesse sentido, só cabia a mim escolher a melhor teoria.



O meu diretor, por exemplo, falava de um funcionário que fazia mudanças sem planejamento, sem Requisições de Mudança (RDM), sem respeitar os processos, e a consultora dizia que isso acontecia porque não havia um processo bem estruturado. Por outro lado, o meu diretor falava que não surtiria efeito, porque existem pessoas e pessoas. E então, a consultora falava da falta de processos. Enfim, era uma discussão que não tinha fim.



Com o passar dos anos, eu fui percebendo que realmente algumas pessoas não seguem os processos, as caixinhas, as políticas e as regras. Sempre tem alguém que se desvia do “correto”.



Meus últimos encontros com a questão da ética na TI



Desde que fiz minha pós-graduação em teologia, com muito estudo, principalmente sobre filosofia, eu esbarrei no campo da ética e fiquei encantado. Foi nessa época que eu conheci o Tio Platão, aquele jogador de futebol (Sócrates) e o famoso Ari, o Aristóteles. 😂😂😂 



Brincadeiras à parte, desde então eu venho refletindo sobre a ética na TI. Também fui resgatando o que já observei de comportamento dos profissionais da área, e recentemente lidei três vezes com esse assunto.



A primeira foi ao final do curso de Inteligência Artificial, que gerou muitas decisões sobre o que era ou não legal fazer com o poder da IA em mãos. Dentro dessas possibilidades, nós esbarramos nos valores das pessoas. A discussão percorreu assuntos como clonagem, máquinas substituindo o homem, IA para armamento, etc. E essa discussão aconteceu logo após a explicação sobre as leis, pois geralmente, antes de alguma coisa virar lei, elas são debatidas no campo da ética.



A segunda oportunidade foi um pouco depois, no curso de Segurança Cibernética que ministrei, e quando eu cheguei na parte do curso que falava sobre ataques e hackers éticos, novamente a discussão se voltou para os valores humanos. Afinal, o que leva uma pessoa a prejudicar a outra? Eu disse que não fazia sentido alguém aprender as técnicas para usar contra uma empresa ou outra pessoa. Já outras acham legal o estereótipo do homem mascarado para representar o cara da Segurança da Informação/Hacking.



E aí eu me fiz a seguinte pergunta: por que as pessoas têm medo de serem abordadas por policiais à noite? Será que eles já têm a fama de serem corruptos, vendidos para um sistema que nós mesmos criamos? E mais: Será que a área da Segurança da Informação não se parece com uma academia militar? Afinal, se alguém aprende as técnicas de SI e usa para o mal, é a mesma coisa que um policial aprender a manusear uma arma para ameaçar alguém.



Voltando ao curso de Segurança Cibernética, o treinamento se estendeu até 2 da manhã, porque ficamos discutindo essa questão ética. E muitos lamentaram a dura realidade: nada adiantaria uma política de Segurança da Informação se o cabra já ter os seus valores corrompidos. De um jeito ou de outro, ele vai dar o seu “jeitinho” e se transformar em um black hat, um hacker que vai roubar,
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