Quando nós olhamos a história do povo de Israel nos deparamos ao mesmo tempo com um povo feliz porque foi escolhido pelo Senhor dentre todos os povos da terra para seu o SEU POVO, e, um povo de cabeça dura que insiste em faltar com a fidelidade para com Deus e suas Promessas e que por isso se torna culpado por sua incredulidade, mas não foi reprovado de modo total e definitivo por Deus, pois, segundo São Paulo: “os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis” (Rm 11,29).
Graças ao “resto de Israel” (cf. Is 4,3s; 1 Rs 19) que representa todo o Povo Eleito, temporariamente, está garantida a restauração futura deste povo. Em poucas palavras, podemos dizer que Paulo quer nos mostrar que, se o seu povo não se converteu ao Evangelho e a Cristo é porque lhes faltou humildade e simplicidade, pois escolheram permanecer indiferentes diante das promessas das quais são destinatários e que se realizaram plenamente em Cristo Jesus, o Messias do Pai.
Aqui, aprendemos que a infidelidade do homem não toca a fidelidade de Deus. Deus chama e seu chamado persiste por tempos prolongados, e de nossa parte deve haver responsabilidade em sermos humildes e simples para acolhermos e vivermos este chamado, pois a nossa unidade, a unidade do povo de Deus não é algo “pronto”, que simplesmente cai do céu a qualquer momento. Todos os dias, cada membro do Povo de Deus traz uma contribuição nesse caminho de unidade. Ser cristão é ter vocação para a unidade, e esta vocação se realiza plenamente quando aceitamos viver as virtudes da humildade e da simplicidade.
Na visão cristã, a humildade atrai sobre si o amor de Deus e o apreço dos outros, ao passo que a soberba os repele; nos ajuda a compreender melhor a vontade de Deus; nos ajuda a respeitar e amar os outros; leva-nos a ter plena consciência dos dons e talentos que Deus nos deu, para fazê-los frutificar. O contrário disso é soberba, é orgulho.
No seu ensinamento a este respeito, Jesus utiliza-se do desejo que existe em nós de ocuparmos bons lugares, os primeiros e privilegiados.
No mundo humano, para ter o primeiro lugar entre todos, basta um pouco de sorte ou alguma preferência que as justificativas “não colam”. No mundo de Deus é diferente, tudo vem com uma ordem precisa, subverta do ponto de vista humano:
Onde Deus encontrar esta disponibilidade, Ele mesmo indicará qual lugar devemos ocupar em sua mesa.
Bem sabemos que a luta pelos melhores lugares é algo cotidiano em nossa sociedade, e, vale de tudo: intrigas, conspirações, extorsões, recomendações, fraudes, ilusões, e por ai vai. Como os convidados da refeição que Jesus observa, muita gente acha que é a posição em que se encontra que determina quem aquela pessoa é. Jesus nos convida a evitarmos corridas por posições por respeito ao outro. Na sua Igreja não pode ser assim, os seus não podem ser assim, e o desfecho da parábola nos faz entender o motivo: “porque quem se eleva, será humilhado e quem se humilha, será elevado” (Lc 14,11).
Um dos provérbios da Escritura afirma: “à frente da glória caminha a humildade” (Pr 15,33). Exemplo melhor e máximo do provérbio e do que é a humildade é o próprio Senhor Jesus: “Ele, apesar de sua condição divina, não fez alarde de ser igual a Deus, mas se esvaziou de si e tomou a condição de escravo, fazendo-se semelhante aos homens. E mostrando-se em figura humana, humilhou-se, tornou-se obediente até à morte, morte de cruz. Por isso Deus o exaltou e lhe concedeu um título superior a todo título, para que, diante do título de Jesus, todo joelho se dobre, no céu, na terra e no abismo; e toda língua confesse para glória de Deus Pai: Jesus Cristo é o Senhor!” (Fl 2,6-11).
E, não nos esqueçamos: quem vai escolher o nosso lugar à mesa será o Senhor! Portanto, mais do que fazer, escolhamos a nossa parte! E, rezemos para que as muralhas que nos impedem de viver a virtude da humildade caiam por terra, em nome de Jesus, amém.