Argumente

A imaginação no processo da regulação emocional


Listen Later

Por que é tão difícil, para um adulto, imaginar?
Neste episódio, Rodrigo Orellana e Zuleica Vicente mergulham no universo da imaginação como ferramenta de autorregulação emocional — e revelam o quanto ela é mais sofisticada do que parece.

Rodrigo compartilha uma memória adolescente marcante, onde personagens internos (inspirados por Travolta e Stoltz) dramatizavam seus dilemas emocionais e morais. A descoberta posterior dos conceitos freudianos e da Terapia do Esquema permitiu dar nomes técnicos a esse teatro psíquico: Id, Superego, Ego, Pensamentos Automáticos e os Modos Esquemáticos.

Surge então a Sala de Controle, protocolo terapêutico que transforma imaginação em cena clínica, na qual o Adulto Saudável se reúne com as vozes internas para decidir com mais consciência. Mas há um obstáculo: muitos adultos não sabem mais imaginar.

É nesse ponto que Zuleica, com sua lente psicanalítica, traz contrapontos preciosos. Ela questiona os limites da pedagogização da emoção na abordagem cognitiva e lembra que, para a psicanálise, a escuta da experiência e do desejo não é estruturada por categorias fixas, mas por singularidades. A ideia de imaginar personagens internos pode ajudar, mas também corre o risco de tornar-se uma forma de controle excessivo do afeto.

Juntos, eles analisam como a imaginação, tão viva na infância, se atrofia à medida que a vida adulta se impõe com suas exigências de produtividade, controle e adequação. Discutem como a moral capitalista — orientada pela lógica do desempenho e da eficácia — reduz drasticamente a capacidade de o sujeito projetar cenários internos, tornando o ato de imaginar algo quase subversivo. E, sobretudo, refletem sobre o papel da fantasia, não como fuga da realidade, mas como um dos pilares da constituição da subjetividade: uma forma de sustentar o desejo, elaborar conflitos e redesenhar o real a partir de dentro.

...more
View all episodesView all episodes
Download on the App Store

ArgumenteBy Rodrigo Orellana e Zuleica Vicente