Já passava das 13h, hora em que costumo me arrumar pra ir trabalhar. Foi quando tudo começou a ficar pequeno. Caminhei em direção a varanda em busca de ar, eu precisava respirar... Na rua, pessoas passam, vivendo suas rotinas, indo e vindo aceleradas. Me deitei no chão e olhei, observei ao meu redor. Tinha uma nuvem branquinha, parecia um pedaço enorme de algodão na imensidão do céu azul, o vento balançava as roupas da minha filha no varal, num bailar lento e descompassado. O silêncio me machucava, cortava meu peito como lâmina afiada. Não tinha sangue, mas lágrimas queimavam meu rosto com incertezas e tinha o suor, que derretia minhas ideias. As mãos tremiam, eu não tinha o controle delas, nem dos meus pensamentos. E lá no fundo uma voz me dizia: respira! Eu não a via, mas ouvia muito bem, respira Edu. Meus olhos abertos não enxergava nada além de angústia e medo. Meu coração estava inerte na minha mente, e a voz cada vez mais próxima e nítida dizia: isso mesmo, você consegue. Respira mais forte Edu. Mas meu coração estava parado, eu sei que estava. O braço adormecido, a respiração ofegante, o caos dominava o meu corpo. E a voz estava lá, me acalmando, me dizendo como respirar e meu coração voltou a bater, a dormência do braço sumiu, o suor secou, o ar voltou... Eu estava respirando, era como andar de bicicleta, eu estava vivo outra vez. Meus olhos enxergaram a voz doce que me ajudara, era minha amiga, minha companheira, minha mulher, mãe da minha filha, era o meu amor.