Neste AudioConto: O Escritor Marco Antonio Febrini estréia nos Contos Sonoros com uma história de exorcismo surpreendente. “Exorciso-te! Exorciso-te! Exorciso-te!”
Texto: Marco Antonio Febrini Junior
Narração: Giovani Arieira, Rodrigo Leal, Nelly Coelho, Raul, Nitro, e a  sobrinha do Marco Febrini, Sophia.
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TEXTO COMPLETO DO CONTO:
   Exorcismo Diaboli
   Poucas vezes ele deixava sua casa, nas redondezas do Vaticano. E agora ele estava do outro lado do mundo, na América do Sul. Não estava acostumado com o Brasil. Parecia-lhe muito quente, quente até demais.
   Ele chegou à casa pela manhã. O quintal era de terra batida, cercado por uma pequena cerca quebrada. Um cachorro não parava de latir um instante sequer. A casa era pequena e possuía dois andares, sendo que haviam apenas dois cômodos ali. Suas portas eram de alumínio, com quatro janelas estreitas de vidro, na posição horizontal. As janelas eram do mesmo material da porta, e possuíam grades verticais.
   O cômodo debaixo era a cozinha, onde os donos dormiam a alguns dias. O cômodo de cima era o quarto, que agora estava completamente isolado do restante da casa.
   O Padre trazia apenas sua maleta. E nada mais. Ele era diferente dos outros Padres, nem ao menos gostava de ser chamado de tal, mas todos chamavam-no quando as coisas saíam do controle.
   – Três Padres mortos, em três semanas. – murmurou, enquanto abria o portão do cercado.
   Quando ele entrou o cachorro parou de latir imediatamente. Uma criança, de aproximadamente sete anos saiu da casa, e correu em sua direção. Possuía uma pele bronzeada, e cabelos negros e crespos, cortados rente à cabeça do pequeno garoto.
   – Bença. – disse o menino, que tinha os olhos completamente brancos, cego de nascença.
   Ele sorriu para o garoto e tocou sua cabeça.
   – Deus lhe abençoe. – respondeu o Padre, em italiano.
   Então a porta se fechou, sozinha, com grande estrondo.
   Hum, muito típico. Pensou, olhando para a janela superior.
   – O que é isso atrás de você? – perguntou o garoto, que não podia ver.
   – Não é nada, agora deixe-me ver sua irmã. – disse novamente em italiano. Sabia falar em português, mas não estava preocupado com aquilo agora.
   Caminhou em direção à casa. Subiu dois degraus de terra. Olhou a maçaneta, que movia-se por si só. Fez o sinal da cruz e tocou a maçaneta, com convicção. Abriu a porta facilmente.
   O interior da casa estava um caos. Muitos móveis, da cozinha e do quarto estavam amontoados, muitos gatos negros moviam-se para todos os lados. Aranhas faziam tantos ninhos quanto podiam. E sobre um sofá estavam os pais da menina possuída e do garotinho cego.
   Mortos.
   O garotinho aproximou-se do cadáver e pegou-lhe a mão. Sorrindo.
   Pobrezinho, não vê o que aconteceu aqui. Refletiu
   Uma escada levava ao segundo andar da casa, e ele a subiu. Alguns quadros estavam presos à parede ao longo da escada. Alguns velhos de chapéu de palha estavam em uma delas. Uma grande festa era retratada na outra. E na última estava a família da casa, com as faces arranhadas por unhas.
   No final da escada havia uma porta. Posta ali às pressas, na tentativa de isolar algo ali no quarto. Mas o que havia ali não podia ser isolado por uma porta qualquer.
   Ele tocou a maçaneta novamente, e girou. Não precisou de força para abrí-la.
   Por fim entrou no quarto.
   O quarto estava escuro e fedendo à carniça, completamente despido de móveis. Havia apenas uma cômoda na parede oeste.