Depois de defender bandeiras típicas de regimes antidemocráticos, Sócrates mudou radicalmente de posição. Virou um ícone na retomada da democracia no Brasil, incomodando diretamente os ditadores e sendo vigiado de perto pelo regime, como revelam documentos oficiais da ditadura militar brasileira. Entenda como aconteceu o despertar de Sócrates, um dos jogadores mais relevantes da história do futebol.

Sócrates entrou para a história do futebol como um dos jogadores mais ativo politicamente do futebol mundial. Líder do movimento da Democracia Corinthiana e figura de destaque do movimento Diretas Já, no entanto, um dia pensou diferente. Defendeu o voto indireto para presidente, a censura e até chamou o golpe militar de “Revolução”. Um Sócrates esquecido na juventude, que deixou surpreso até mesmo o irmão e ex-jogador, Raí.

Adiantamos um pouco a fita cassete com a entrevista de João Saldanha para ouvir novas declarações sobre a saída dele da Seleção Brasileira às vésperas da Copa de 1970. Saldanha fala das polêmicas que aconteceram na época, incluindo a que se envolveu com Pelé e ainda faz duras críticas à ditadura militar. Fora da equipe nacional, ele voltou para a imprensa. Continuou em evidência não só no futebol, mas também na militância política e na luta pela democracia. Por conta disso, foi perseguido até o último dia de vida.

Uma fita cassete guardada por quase 40 anos traz uma versão histórica de um dos episódios mais polêmicos da Seleção Brasileira. Voltamos no tempo para ouvir João Saldanha. Integrante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Saldanha foi convidado, em plena ditadura militar, para assumir o comando da Seleção e resgatar o prestígio do futebol brasileiro. Classificou o escrete canarinho para a Copa de 1970 numa campanha histórica. Só que, às vésperas do Mundial, entrou em conflito com o ditador Emílio Garrastazu Médici e foi demitido, ficando de fora da conquista do tricampeonato. Mas será que essa foi mesmo a causa da demissão de Saldanha?

No segundo episódio da série Contra-ataque, vozes do futebol que se levantaram contra a ditadura militar, temos a segunda parte da história de Fernando Antunes Coimbra. Após sofrer ameaças em Portugal e voltar para o Brasil, Nando decidiu abandonar o futebol. Mas a perseguição política não parou. Nando foi preso e torturado pela ditadura brasileira. Só mais de quarenta anos depois, falou sobre o que sofreu nos porões do regime militar, tornando-se o primeiro jogador nascido no Brasil a ser anistiado.

A série Contra-ataque, vozes do futebol que se levantaram contra a ditadura militar, começa com a história de um silêncio que durou mais de quarenta anos. Nascido numa família que tem o futebol no DNA, Fernando Antunes Coimbra abriu mão da carreira de jogador devido à perseguição política que sofreu entre as décadas de 1960 e 1970, nas ditaduras do Brasil e de Portugal. Nando, como é conhecido, foi ameaçado, preso e torturado. Abdicou, então, do sonho nos campos, com medo de que a perseguição atrapalhasse a carreira dos irmãos. Principalmente do mais novo, que dava os primeiros passos na carreira e despontava como o maior talento da família: Zico.

No meio do caos político que vivemos atualmente, é notável como tantas personalidades do futebol parecem não querer se manifestar contra os constantes levantes autoritários que vivenciamos nos últimos anos. Mas nem sempre foi assim. Mesmo no período de maior repressão política que o Brasil já viveu, existiram aqueles que se levantaram para protestar. Em seis episódios, o podcast “Contra-ataque” buscará contar a história de algumas dessas vozes do futebol brasileiro que se levantaram contra a ditadura militar. Um podcast Globoplay, produzido por Brenno Costa (que também o apresenta), Marcel Tito e Maremoto. Direção de Ivan Mizanzuk. Pesquisa: Marcel Tito Roteiro: Marcel Tito, Amanda Mira, Daniel Muller, Maíra Alfradique Produção: Danilo Santana Silva e Marcel Tito Edição e Sonorização: Nathan Klejman, Murilo Lourenço e Vinícius Krüger Técnica de gravação: Andréa Xavier Coordenação de roteiro: Amanda Mira Coordenação de edição: Adriana Sanchez Coordenação geral Maremoto: Paula Weinberg Direção: Ivan Mizanzuk Gestão de conteúdo de podcasts: Fábio Silveira Análise de podcasts: William de Abreu Coordenação editorial: André Amaral e Rafael Barros Os áudios de arquivo deste episódio são da TV Globo Agradecimentos: equipe do Acervo da Globo no Recife;