Neste episódio recebemos o Presb. Alberto que trouxe sua devocional baseada na história do hino "Fronte Ensanguentada" 264 NC
Oh, fronte ensangüentada!
"Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados" (Isaías 53.5).
UM LONGO POEMA do séc.14, Salve mundi salutari, (Salve aquele que sara o mundo) foi por muito tempo atribuído a Bernard de Clairvaux (ver HCC 316). Originalmente compunha-se de sete meditações extensas sobre o corpo de Cristo pendurado na cruz: seus pés, joelhos, mãos, lados, peito e coração. A sétima parte, Salve caput cruentatum, (Salve, cabeça ensangüentada) se focalizou na cabeça de Cristo, coroada de espinhos.
Esta parte do poema chegou até nós por meio de um longo caminho. Paul Gerhardt, considerado o maior poeta luterano desde Lutero (ver dados no HCC 108) adaptou esta sétima seção para o alemão em 1656, criando O haupt voll blut und wunden (Ó cabeça ensangüentada e ferida), hino de dez estrofes. Unido com a inesquecível melodia de Hans Leo Hassler na coletânea Praxis pietatis melica (A prática harmoniosa da piedade) de Johann Cruger, o hino ganhou fama. Muitos hinistas ingleses traduziram-no, mas foi James Alexander Waddell (1804-1859), hinista e pastor presbiteriano americano, que realmente fez viver a versão de Gerhardt no inglês. Esta versão inglesa foi traduzida para o português em 1950 pela cuidadosa mão do prof. Isaac Nicolau Salum (Ver dados do tradutor no HCC 104).
“Este é um hino profundamente devocional, que requer uma aplicação muito pessoal da morte redentora de Cristo, por relembrar seu sofrimento e morte cruel na cruz”1 .
Nele o cristão reconhece que foi o seu pecado que pôs Cristo na cruz, e foi por amor a ele que Cristo sofreu ali. Este reconhecimento traz conforto e uma confissão de gratidão e dedicação a Cristo. Na quarta estrofe, o cristão pede que Cristo seja seu refúgio, guia e luz, sabendo que assim viverá e dormirá em paz.
O ilustre compositor luterano Hans Leo Hassler (1564-1612), nascido em Nurembergue, Alemanha, fez seus primeiros estudos com seu pai, Isaak Hassler. Desde muito cedo mostrou-se muito competente ao órgão. Depois de estudar com o grande organista e compositor Andrea Gabriele em Veneza, tornou-se organista, e subseqüentemente Diretor de Música da Casa dos Fugger, abastados comerciantes e banqueiros. Em 1601, aceitou o cargo de organista na Igreja Frauenkirche, em Nurembergue e, em 1608 foi escolhido organista e músico na corte de Christian II, Eleitor da Saxônia, permanecendo nesta posição até sua morte. Hassler publicou obras para órgão, madrigais, litanias, motetos sacros e dois hinários, mas esta melodia, pela qual ele é mais lembrado, foi composta em 1601 para uma letra secular. Já em 1613 apareceu como melodia para um hino ainda cantado na Alemanha, na coletânea Harmoniai sacrai (Harmonias sacras), seguindo o preceito de Lutero que “o demônio não deve monopolizar as melhores melodias”. 2 Em 1656 foi unida com esta letra de Gerhardt, e desde então é associada a ela. Este choral (hino) alemão 3 aparece cinco vezes na Paixão de São Mateus, de Johann Sebastian Bach (1729), e sua melodia recebeu o nome de PASSION CHORAL (Hino da Paixão).
A versão desta melodia é uma combinação das harmonizações de Johann Sebastian Bach, um dos maiores músicos de todos os tempos e membro de uma das famílias musicais mais destacadas em todo o mundo. Ao todo, Bach harmonizou um total de 371 chorales (hinos protestantes alemães), fazendo deles o verdadeiro centro da sua imperecível obra.