O deputado Arthur do Val, o tal do “Mamãe falei”, pode pagar caro por falado não apenas demais, mas principalmente por ter falado o que não devia. A Comissão de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo abriu processo que pode culminar com a cassação do seu mandato por quebra de decoro. E ele merece!

Lembram-se da história: o tal do “Mamãe falei”, também conhecido, depois do caso como “Mamãe falhei”, foi fazer graça lá na Ucrânia que, o mundo inteiro sabe, encontra-se em pé de guerra com a Rússia. O que o youtuber deputado queria eram likes e curtidas para a sua aventura. Daí, sabe-se lá como, vaza a sua gravação para amigos. Nela, resumindo o seu discurso impróprio, o deputado diz que “as mulheres ucranianas são fáceis porque são pobres”.

Pois, é! Sua graça sexista resultou em 21 representações para a cassação de seu mandato. Em minha opinião merece sim ser cassado, não tem postura, não respeita o cargo que ocupa.

A defesa de Mamãe Falei diz que ele estava fora do país e licenciado do cargo. Classificou o vazamento do áudio como “ilegal” e, por isso, chegou a pedir o arquivamento do processo. Os deputados, no entanto, entenderam que o parlamentar não deixa de estar investido de suas funções de representação em razão da territorialidade e do licenciamento temporário. Ou seja, segue o bonde!

A próxima reunião do Conselho está marcada para ocorrer após cinco sessões legislativas, ocasião em que ocorrerá a escolha do relator. Antes do parecer do relator ser votado, o deputado terá oportunidade de se defender.

Entendo como gravíssimas as falas do deputado Arthur do Val e, por esta razão, avalio que a sua cassação é o mínimo que a Alesp pode fazer, até mesmo para se redimir da decisão equivocada no caso do deputado Fernando Cury, que foi punido com afastamento de seis meses do cargo, com suspensão de salários, após assediar uma colega durante sessão plenária.

Aliás, ninguém entendeu a decisão da Casa, pois o assédio, ocorrido em dezembro de 2020, foi filmado e testemunhado, ou seja, não havia atenuantes para o deputado. Tomara que o “esprit de corps” não se repita no julgamento do caso Mamãe falei.

A mulher, independentemente da sua nacionalidade, condição econômica, religião, cor de pele ou faixa etária tem que ser respeitada. E os que passam dos limites, ainda que falando além da conta, devem ser punidos. Se em cargo público, como no caso em tela, cabe a cassação do mandato. Chega de passar pano para deputados da Alesp.