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Os trabalhadores sazonais de Lourdes pedem um “ano branco” ao executivo. Querem que o governo francês prolongue por, pelo menos, mais um ano os direitos adquiridos de fundo desemprego. Sem turistas e com uma perda de 92% da actividade, a situação na segunda cidade francesa com maior capacidade de alojamento é catastrófica.
Os primeiros a pagar a factura são os trabalhadores sazonais. Devido à pandemia, a maioria não trabalha desde Outubro de 2019, uma vez que em 2020 não renovou o contrato de trabalho. Dos 2600 trabalhadores sazonais de Lourdes cerca de 600 são portugueses.
Lourdes é o quarto santuário católico mais visitado do mundo, com mais de 6 milhões de peregrinos por ano.
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INSEE), entre Julho e Agosto do ano passado, meses onde normalmente a ocupação hoteleira em Lourdes atinge a capacidade máxima, os hotéis apenas registaram 105.000 dormidas, ou seja 16% do volume registado em 2019. A cidade mariana é extremamente dependente dos peregrinos estrangeiros, que representam dois terços das reservas neste período e também das peregrinações de grupos. Com as anulações em catadupa, a maior parte dos hotéis acabou por nem sequer abrir as portas. Neste contexto, o INSEE refere uma queda de 92% das dormidas dos clientes não residentes.
A cidade de perto de 15.000 habitantes vive essencialmente do turismo religioso e conta com 9.800 quartos, 200 hotéis e 140 lojas de objectos religiosos e recordações. A restauração e a hotelaria representam 350 milhões de euros por ano em Lourdes. Cidade onde a economia depende a 80% do turismo.
Para tentar responder à precária situação que vivem os trabalhadores sazonais, foi criada, já depois do início da pandemia, a Associação dos Trabalhadores Sazonais de Lourdes e da Vallée (ASLV).
Ao microfone da RFI, Manuela Gonçalves, vice-presidente da Associação dos Trabalhadores Sazonais de Lourdes, relatou “uma situação crítica. Estamos parados há mais de um ano. Há pessoas que já perderam os direitos de desemprego e outras que estão prestes a perdê-los. Temos agregados familiares (por exemplo um casal com dois ou três filhos) [a viver] com um subsídio de desemprego. Temos pessoas a receber o RSA [Rendimento de Solidariedade Activa]. (…) E este ano ninguém tem certeza se vamos poder ou não trabalhar”.
“A nossa batalha sempre foi o “ano branco”, ou seja, nós continuávamos a receber o [subsídio de] desemprego mas não nos retiravam os direitos. Porque fomos impedidos de trabalhar. A culpa não é do Estado, mas também não é nossa”, acrescentou a portuguesa que trabalha há dois anos na cidade mariana.
"Queremos um estatuto para os trabalhadores sazonais, não temos nada que salvaguarde os nossos direitos. O que todos nós desejamos não são ajudas, desejamos trabalhar", concluiu Manuela Gonçalves.
Em instalações cedidas pela autarquia local a ASLV abriu um banco alimentar para colmatar os 'frigoríficos vazios’ de várias famílias. Todavia, os pedidos de ajuda são cada vez mais numerosos e a situação tende a piorar nos próximos meses. Os profissionais do turismo consideram que o “regresso à normalidade” em Lourdes não deve acontecer antes de 2022/2023.
O santuário mariano tem dois períodos fortes por ano, o primeiro é na segunda semana de Fevereiro, para assinalar aparições da Virgem Maria e, posteriormente, de Abril-Outubro/Novembro.
De acordo com a Igreja Católica, em 1858, a Virgem Maria apareceu 18 vezes à jovem de 14 anos Bernardette Soubirous, na gruta de Massabielle.
Os trabalhadores sazonais de Lourdes pedem um “ano branco” ao executivo. Querem que o governo francês prolongue por, pelo menos, mais um ano os direitos adquiridos de fundo desemprego. Sem turistas e com uma perda de 92% da actividade, a situação na segunda cidade francesa com maior capacidade de alojamento é catastrófica.
Os primeiros a pagar a factura são os trabalhadores sazonais. Devido à pandemia, a maioria não trabalha desde Outubro de 2019, uma vez que em 2020 não renovou o contrato de trabalho. Dos 2600 trabalhadores sazonais de Lourdes cerca de 600 são portugueses.
Lourdes é o quarto santuário católico mais visitado do mundo, com mais de 6 milhões de peregrinos por ano.
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INSEE), entre Julho e Agosto do ano passado, meses onde normalmente a ocupação hoteleira em Lourdes atinge a capacidade máxima, os hotéis apenas registaram 105.000 dormidas, ou seja 16% do volume registado em 2019. A cidade mariana é extremamente dependente dos peregrinos estrangeiros, que representam dois terços das reservas neste período e também das peregrinações de grupos. Com as anulações em catadupa, a maior parte dos hotéis acabou por nem sequer abrir as portas. Neste contexto, o INSEE refere uma queda de 92% das dormidas dos clientes não residentes.
A cidade de perto de 15.000 habitantes vive essencialmente do turismo religioso e conta com 9.800 quartos, 200 hotéis e 140 lojas de objectos religiosos e recordações. A restauração e a hotelaria representam 350 milhões de euros por ano em Lourdes. Cidade onde a economia depende a 80% do turismo.
Para tentar responder à precária situação que vivem os trabalhadores sazonais, foi criada, já depois do início da pandemia, a Associação dos Trabalhadores Sazonais de Lourdes e da Vallée (ASLV).
Ao microfone da RFI, Manuela Gonçalves, vice-presidente da Associação dos Trabalhadores Sazonais de Lourdes, relatou “uma situação crítica. Estamos parados há mais de um ano. Há pessoas que já perderam os direitos de desemprego e outras que estão prestes a perdê-los. Temos agregados familiares (por exemplo um casal com dois ou três filhos) [a viver] com um subsídio de desemprego. Temos pessoas a receber o RSA [Rendimento de Solidariedade Activa]. (…) E este ano ninguém tem certeza se vamos poder ou não trabalhar”.
“A nossa batalha sempre foi o “ano branco”, ou seja, nós continuávamos a receber o [subsídio de] desemprego mas não nos retiravam os direitos. Porque fomos impedidos de trabalhar. A culpa não é do Estado, mas também não é nossa”, acrescentou a portuguesa que trabalha há dois anos na cidade mariana.
"Queremos um estatuto para os trabalhadores sazonais, não temos nada que salvaguarde os nossos direitos. O que todos nós desejamos não são ajudas, desejamos trabalhar", concluiu Manuela Gonçalves.
Em instalações cedidas pela autarquia local a ASLV abriu um banco alimentar para colmatar os 'frigoríficos vazios’ de várias famílias. Todavia, os pedidos de ajuda são cada vez mais numerosos e a situação tende a piorar nos próximos meses. Os profissionais do turismo consideram que o “regresso à normalidade” em Lourdes não deve acontecer antes de 2022/2023.
O santuário mariano tem dois períodos fortes por ano, o primeiro é na segunda semana de Fevereiro, para assinalar aparições da Virgem Maria e, posteriormente, de Abril-Outubro/Novembro.
De acordo com a Igreja Católica, em 1858, a Virgem Maria apareceu 18 vezes à jovem de 14 anos Bernardette Soubirous, na gruta de Massabielle.