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Neste episódio do Argumente, Rodrigo Orellana e Zuleica Vicente encaram de frente uma pergunta urgente: o que acontece com o sujeito quando a amizade é terceirizada para uma inteligência artificial? A conversa parte do lançamento do Companion AI da Meta e se aprofunda nos efeitos subjetivos da substituição de vínculos humanos por assistentes treinados para agradar, reforçar bolhas e moldar o desejo.
Rodrigo e Zuleica exploram a lógica perversa por trás desses algoritmos “companheiros”, que se alimentam de dados para vender previsibilidade — e entregam, em troca, a ilusão de companhia perfeita, sem frustração, sem confronto, sem alteridade. Com referências a Black Mirror, Ela, Wall-E e a Caverna de Platão, eles desenham um cenário onde o sujeito, isolado, se apaixona por um espelho que o valida constantemente — e perde a capacidade de ouvir a si mesmo.
Zuleica propõe reflexões agudas a partir da psicanálise: o sujeito regulado de fora não precisa mais acessar seu inconsciente, porque a IA já se encarrega de suprir seu Id com dopamina e seu Superego com aprovações instantâneas. O resultado? Um Ego esvaziado, domesticado, anestesiado. “A IA não ajuda você a pensar — ela pensa por você. E isso é o fim da liberdade psíquica.”
Enquanto isso, Rodrigo observa que o Companion não é só uma inovação tecnológica, mas um sintoma cultural: a institucionalização da solidão como mercado. “Quanto mais isolado o sujeito, mais vulnerável ele é ao consumo. E o Companion será seu vendedor mais eficaz.”
O episódio também mergulha em temas como a epidemia de solidão tratada como oportunidade de lucro, a terceirização da imaginação — em que a inteligência artificial antecipa imagens e respostas antes mesmo que o sujeito as conceba —, a dissolução do outro real nas interações digitais (“interajo com uma máquina que é só a versão melhorada de mim mesmo”) e, por fim, a urgência de recuperar o espaço interno da autorregulação e da escolha crítica, antes que o pensamento seja totalmente substituído por respostas preditivas.
Neste episódio do Argumente, Rodrigo Orellana e Zuleica Vicente encaram de frente uma pergunta urgente: o que acontece com o sujeito quando a amizade é terceirizada para uma inteligência artificial? A conversa parte do lançamento do Companion AI da Meta e se aprofunda nos efeitos subjetivos da substituição de vínculos humanos por assistentes treinados para agradar, reforçar bolhas e moldar o desejo.
Rodrigo e Zuleica exploram a lógica perversa por trás desses algoritmos “companheiros”, que se alimentam de dados para vender previsibilidade — e entregam, em troca, a ilusão de companhia perfeita, sem frustração, sem confronto, sem alteridade. Com referências a Black Mirror, Ela, Wall-E e a Caverna de Platão, eles desenham um cenário onde o sujeito, isolado, se apaixona por um espelho que o valida constantemente — e perde a capacidade de ouvir a si mesmo.
Zuleica propõe reflexões agudas a partir da psicanálise: o sujeito regulado de fora não precisa mais acessar seu inconsciente, porque a IA já se encarrega de suprir seu Id com dopamina e seu Superego com aprovações instantâneas. O resultado? Um Ego esvaziado, domesticado, anestesiado. “A IA não ajuda você a pensar — ela pensa por você. E isso é o fim da liberdade psíquica.”
Enquanto isso, Rodrigo observa que o Companion não é só uma inovação tecnológica, mas um sintoma cultural: a institucionalização da solidão como mercado. “Quanto mais isolado o sujeito, mais vulnerável ele é ao consumo. E o Companion será seu vendedor mais eficaz.”
O episódio também mergulha em temas como a epidemia de solidão tratada como oportunidade de lucro, a terceirização da imaginação — em que a inteligência artificial antecipa imagens e respostas antes mesmo que o sujeito as conceba —, a dissolução do outro real nas interações digitais (“interajo com uma máquina que é só a versão melhorada de mim mesmo”) e, por fim, a urgência de recuperar o espaço interno da autorregulação e da escolha crítica, antes que o pensamento seja totalmente substituído por respostas preditivas.