Síntese: A vontade de Deus é boa, perfeita e agradável, nos ensina a Escritura. Ela sempre será boa, perfeita e agradável, mesmo quando não entendemos ou temos dificuldade de compreender o porque que Deus age desta ou daquela forma. A Liturgia de hoje nos traz dois exemplos à cerca da vontade de Deus: O primeiro encontramos na narração que nos traz o profeta Joel: um juízo que o Senhor realizará no “vale de Josafá”.
Vejamos a soberania de Deus e de sua vontade: Diante do seu trono estão todos os povos e toda a História. A imagem da profecia nos remete a constatação de que assim como a messe madura reclama a foice, assim Deus fará justiça de todo o mal existente no mundo. Depois de madura a colheita, não pode esperar para colher, pois senão os frutos e o trabalho se perderão. Esta imagem nos remete a paciência e misericórdia de Deus, sua vontade tem de se cumprir, no entanto, chegará a hora em que Ele não mais poderá esperar, pois não quer perder nem os frutos, nem o trabalho. A imagem que o profeta nos traz representam vivamente a execução da vontade de Deus, aqui denominada como o juízo que é o mesmo que julgamento.
A mensagem é clara: inimigos de Deus e de sua Palavra se perderão; quem crê em Deus e acolhe sua Palavra e a põe em prática se salvará. A vontade de Deus está inserida num contexto de luta entre o bem e o mal. Não foi Deus que a inseriu neste meio, mas nós que temos o costume de coloca-la nesta disposição. A luta entre o bem e o mal está enraizada em nossas vidas, em nosso cotidiano, e a cada dia é preciso fazer uma opção. Deus quer que a opção seja por Ele e por sua Palavra, mas as vezes acabamos por optar pelo mal, pelo pecado, pelo afastamento voluntário do Senhor. Vale lembrar que nesta luta não estamos sozinhos, conosco está o Cristo, Senhor da História, além de termos um perfeito modelo de quem cumpre e vive a vontade de Deus, temos a segurança e a certeza de que a fase final desta luta entre bem e mal chegou: nós somos protagonistas neste tempo e nossa decisão por Deus, por sua Palavra e vontade são fundamentais para que a Vitória de Cristo se estabeleça de forma definitiva neste mundo. O segundo exemplo já foi introduzido pelo primeiro, trata-se de uma bem aventurança declarada por Cristo: “Muito mais felizes são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática”. Colocar a Palavra em prática, viver a Vontade de Deus ou no Centro da Vontade de Deus, aqui são sinônimos de uma mesma realidade.
Geralmente, quando falamos sobre este tema, nos limitamos a dizer que é preciso por em prática a Palavra, ou viver a vontade de Deus, mas, que é uma realidade extremamente difícil e por demais exigente... e ai acaba a nossa reflexão. Parece que não damos a devida atenção as palavras de Jesus: “Muito mais felizes são aqueles...
Ouvir e colocar em prática é uma bem-aventurança, ou seja, é condição para se chegar ao céu. Pode ser difícil, pode ser exigente, mas não é impossível! Precisa de duas coisas: coragem e decisão!
Além do Senhor Jesus, que é o maior e mais perfeito modelo de quem vive e põe a Palavra de Deus em prática, temos um outro modelo e exemplo bem próximo de nós: o de Nossa Senhora! Primeira cristã, primeira a ouvir a Palavra e a cumprir, primeira a viver no centro da vontade de Deus: “Eis aqui a serva do Senhor....
Maria gerou o Messias, não só ouviu e pôs em prática, mas tomou como sua, na obediência da fé, a Palavra de Deus. Neste cenário para Maria, o mais importante não é ser a Mãe de Jesus, mas cumprir a Palavra e a vontade de seu Deus – isto está no plano superior da fé da Virgem. Talvez seja este o segredo: achamos que o mais importante é sermos cristãos, e nos esquecemos que no plano superior de nossa fé deve estar aquela decisão de cumprir a Palavra e a vontade do nosso Deus! Ouvir a Palavra, colocar a Palavra em prática, viver no centro da vontade de Deus é uma experiência profunda e transformadora de fé. Estamos dispostos a pagar o preço necessário?