Por Santo Afonso Maria de Ligório.
A perfeição do amor de Deus consiste na união de nossa vontade com a dele. A ação principal do amor é unir ao máximo os corações amantes, de tal forma que só tenham um só querer. Portanto, quanto mais uma pessoa se unifica com a vontade de Deus, tanto mais Deus se une a ela. Do mesmo modo como o ódio separa as vontades dos inimigos, assim também o amor une as vontades dos amantes. Diz São Jerônimo: quando uma pessoa só quer o que a outra deseja, elas se amam de fato mutuamente. As almas que aderem a Deus com fidelidade estão de acordo com tudo o que vem da vontade de Deus. Assim se vê o acerto da declaração de São Francisco de Sales de que a piedade consiste na vontade firme de fazer tudo o que se saiba agradar a Deus. O mesmo ensina Santo Tomás: a piedade consiste na prontidão em fazer tudo o que Deus nos pede.
Para que uma coisa seja boa e perfeita, é preciso corresponder ao fim para o qual foi feita. Assim, um instrumento é bom quando serve ao operário em seu trabalho. Do contrário, para que serviria? O que faria um pintor com o pincel que resiste à sua mão, seguindo para a esquerda quando o pintor o manejasse para a direita, elevando-se quando ele quisesse abaixá-lo? Seria imediatamente descartado. O homem foi colocado neste mundo unicamente para servir a Deus ê glorificá-lo. Ora, só fazendo a vontade de Deus poderá o homem atingir o seu sublime destino. Assim, para que ele seja bom e perfeito, deve empregar sua existência em executar o que Deus quer. Fazer a sua própria vontade e seguir a sua inclinação não é servir a Deus. Toda perversidade do pecado consiste justamente em querer o que Deus detesta. Não querer se dirigir segundo a vontade de Deus, é uma espécie de idolatria, pois um tal homem adora sua própria vontade, ao invés da vontade divina.