Em anos recentes, temos visto questões problemáticas sobre o conhecimento da história na mídia e no debate público. Grupos negacionistas conservadores questionam a existência do holocausto, diminuem a violência do processo escravista, chamam ditaduras de “revolução”, negam o uso de tortura em regimes autoritários, para ficarmos apenas em alguns exemplos.
De outro lado, o passado permanece um tema caro ao presente, gera disputas e consegue construir uma agenda positiva, sempre que acomoda memórias de novos grupos sociais e convoca historiadoras e historiadores a se manifestar publicamente, ultrapassando os limites das universidades e da academia, para construir uma cultura histórica democrática.
Isso é algo novo? A história, como disciplina e campo do saber, foi mobilizada politicamente em diversos momentos, não apenas no Brasil. Ainda assim, caminhou em direção à ciência em seu lento processo de profissionalização. Aliás, a regulamentação da profissão no Brasil só foi aprovada neste turbulento 2020. Não sem antes receber um veto do presidente da República, notório adepto de teorias da conspiração e negacionismos sempre desmentidos pela pesquisa histórica científica.
Qual a história dessa história? O que fazem os historiadores? Como o passado foi escrito e reescrito no último século?
O passado é coisa do passado?