No início da década de 1990, o refrigerante Guaraná (uma outra palavra de origem indígena) lançou uma campanha publicitária com um jingle que marcou gerações numa ode à pipoca, a melhor pedida para assistir a um filme, no cinema ou em casa. Um trecho da canção dizia:
"Pipoca na panela
Começa a arrebentar
Pipoca com sal
Que sede que dá"
Do tupi pi’ (pele) e poka (rebentar), pipoca é a pele rebentada, a pele estourada. O poka teria uma origem onomatopaica numa tentativa de reproduzir o barulho do estouro do grão de milho. É notável a semelhança com a formação de pipoca em inglês: popcorn, que significa “milho que estala”.
Num momento auto-ajuda, gostaria de propor uma reflexão que fosse além da etimologia e do significado de palavras da língua portuguesa. A experiência nos mostra que a vida nem sempre é fácil, mas sem as dificuldades pelas quais passamos jamais seríamos capazes de nos transformar. Nós somos como o milho da pipoca. O educador e escritor Rubem Alves uma vez disse que o “milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre. Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira.” Pipoca nada mais é que o produto dos grãos de milho rebentados no calor do fogo. Como nós, o milho se transforma diante de mudanças.
Do termo pipoca, surgiu o verbo pipocar que, no futebol, figurativamente, passou a ser o ato de um atleta escapar de uma jogada com receio de contusão. A imagem do jogador que pula para fora da jogada é como a de uma pipoca saltando na panela. Podemos dizer que um jogador que pipoca está amarelando, se acovardando.
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Fonte sobre o verbo pipocar: A Origem Curiosa das Palavras, de Márcio Bueno. Ed. José Olympio, 2002.