- O Papel do "Estado Empreendedor" na Inovação Tecnológica: Contrariando a percepção de que a inovação é domínio exclusivo do setor privado, o Estado atua como um "empreendedor" fundamental. Ele assume os riscos em pesquisa básica e de longo prazo, criando o conhecimento e a infraestrutura que as empresas posteriormente comercializam e escalam, numa relação intrinsecamente complementar.
- Liderança Global em P&D: EUA, China e a Importância Estratégica: Historicamente, os EUA lideraram a inovação com agências como DARPA e NASA. Hoje, embora o setor privado domine o financiamento americano, países como Israel e Coreia do Sul lideram em investimento como % do PIB. A China avança rapidamente com mega-projetos estatais, demonstrando que a soberania tecnológica é uma prioridade governamental.
- Tecnologias e Empresas Nascidas do Apoio Estatal: Muitas das tecnologias que definem o mundo moderno, como a Internet (ARPANET), GPS, telas touchscreen e microprocessadores, nasceram de investimentos governamentais, principalmente do Departamento de Defesa dos EUA. Empresas como Tesla e SpaceX também foram impulsionadas por bilhões em financiamento e contratos públicos.
- A Evolução da Política: O Retorno do Estado Ativo: Após uma era de privatização nos anos 80 e 90, observa-se um retorno a políticas industriais ativas. A crise de 2008 e a competição com a China levaram países como os EUA (com a Lei de Chips e Ciência) e o Reino Unido a reinvestirem massivamente em setores estratégicos para garantir a soberania tecnológica.
- O Impacto Econômico e Social do Investimento Público: O P&D financiado pelo governo gera retornos econômicos e de produtividade superiores aos do setor privado, além de criar empregos de alta qualificação. As inovações "spin-off" de programas espaciais e de defesa, como espuma de memória, GPS e microchips, geram benefícios sociais amplos e muitas vezes imprevisíveis.
- Desafios e Críticas ao Modelo Estatal: O investimento governamental não é isento de falhas. Os principais desafios são a burocracia e a lentidão dos processos, o risco de politização na "escolha de vencedores" e o "vale da morte", uma lacuna de financiamento entre a pesquisa básica e a comercialização que muitas inovações não conseguem cruzar.
- O Caso do Brasil: Potencial e Inconsistências Estratégicas: O Brasil demonstra um compromisso renovado com o investimento em P&D através da FINEP e do FNDCT. No entanto, decisões como a liquidação da Cietec, a única fabricante de chips do país, levantam questões sobre a consistência das políticas de fomento em setores estratégicos de alta tecnologia.
- Conclusão e Recomendações: A Sinergia Público-Privada: A inovação de ponta depende de uma parceria eficaz entre o Estado, que assume os riscos iniciais, e o setor privado, que escala e comercializa. Para o futuro, é crucial que os governos foquem em pesquisa básica, melhorem a governança, reduzam a burocracia e promovam parcerias público-privadas para transformar conhecimento em valor econômico e social.
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