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I
No Domingo passado, o Manuel Graça Dias faria 68 anos. Na noite de 25 de Março de 2019 – num tempo em que ainda não pulicava - após saber da sua morte, não consegui dormir e escrevi isto:
II
Interessa-me particularmente esta ideia do atelier enquanto “espaço de pensamento mais do que um espaço de projecto”. É certamente um interesse por demissão. Aos 36 ainda não consegui projectar-me um atelier de projecto. Estes espaços fragmentados onde me movo: um apartamento, duas lojas, uma cave destruturada ao estilo arquivo-funcional e um site (aos quais acrescento a cidade) são lugares competentes para se modelar um atelier de pensamento, mas não um atelier de projecto. Será ainda cedo para o cumprir?
III
Qual é a idade certa para um arquitecto começar a ser arquitecto? Não me lembro de ter ouvido a resposta nos programas do Graça Dias dos anos noventa. Bem, convenhamos: eu já tenho duas obras, ou ainda, eu só tenho duas obras. O Kahn começou aos quarenta. Ainda há tempo! Ainda o apanhamos! E tivemos sempre direito a virtuosas desculpas: a crise dos subprimes, a globalização, a falta de gosto generalizada e agora a peste. Quando a peste acabar. Ai quando a peste acabar, não falto a uma festa! Ai não que não falto – está-se tão bem em casa. Para um introvertido “sair da escrita para o mundo civil é de um encantador aborrecimento”. A Sílvia que vá e nos encontre clientes, abusando desta técnica milenar da conversa entre copos. Precisamos tanto que regressem os estereótipos do anos noventa!
IV
O Manuel Graça Dias, ao contrário de mim, era sedutor, desconcertante e excêntrico. Caro Manuel, bem sei que deveria encontrar outras referências, mais em conta com o meu chame discreto, mas a bem da verdade, ou melhor, a bem da memória, acho que prefiro mudar de temperamento do que o ídolo. Vamos a isso?
I
No Domingo passado, o Manuel Graça Dias faria 68 anos. Na noite de 25 de Março de 2019 – num tempo em que ainda não pulicava - após saber da sua morte, não consegui dormir e escrevi isto:
II
Interessa-me particularmente esta ideia do atelier enquanto “espaço de pensamento mais do que um espaço de projecto”. É certamente um interesse por demissão. Aos 36 ainda não consegui projectar-me um atelier de projecto. Estes espaços fragmentados onde me movo: um apartamento, duas lojas, uma cave destruturada ao estilo arquivo-funcional e um site (aos quais acrescento a cidade) são lugares competentes para se modelar um atelier de pensamento, mas não um atelier de projecto. Será ainda cedo para o cumprir?
III
Qual é a idade certa para um arquitecto começar a ser arquitecto? Não me lembro de ter ouvido a resposta nos programas do Graça Dias dos anos noventa. Bem, convenhamos: eu já tenho duas obras, ou ainda, eu só tenho duas obras. O Kahn começou aos quarenta. Ainda há tempo! Ainda o apanhamos! E tivemos sempre direito a virtuosas desculpas: a crise dos subprimes, a globalização, a falta de gosto generalizada e agora a peste. Quando a peste acabar. Ai quando a peste acabar, não falto a uma festa! Ai não que não falto – está-se tão bem em casa. Para um introvertido “sair da escrita para o mundo civil é de um encantador aborrecimento”. A Sílvia que vá e nos encontre clientes, abusando desta técnica milenar da conversa entre copos. Precisamos tanto que regressem os estereótipos do anos noventa!
IV
O Manuel Graça Dias, ao contrário de mim, era sedutor, desconcertante e excêntrico. Caro Manuel, bem sei que deveria encontrar outras referências, mais em conta com o meu chame discreto, mas a bem da verdade, ou melhor, a bem da memória, acho que prefiro mudar de temperamento do que o ídolo. Vamos a isso?