Yanomami Roraima e Amazonas, Venezuela Tempo de contato – mais permanente há cerca de 70 anos Língua Yanomami Aproximadamente 28 mil (no Brasil) Os Yanomami, em seus diversos subgrupos que se deslocam e criam suas aldeias nas florestas do extremo norte do Brasil, talvez sejam o último grande grupo humano vivendo de forma tradicional e livre, com seu conhecimento, sabedoria e arte à semelhança de seus ancestrais criados por Omame. Durante milhares de anos viveram com saúde, desenvolvendo suas tecnologias da floresta, sem nenhuma dependência do mundo que se agitava e se fechava em torno de suas aldeias. Referências sobre eles existem em relatos desde o começo do século XX, mas a pressão dos “nape” – os estrangeiros/inimigos – só chegou de forma avassaladora e destrutiva nas décadas de 1960 e 1970, os anos de ditadura, quando o governo decidiu ocupar “o grande vazio” da Amazônia sem enxergar as populações que ali construíam sua humanidade. Centenas de homens, mulheres e crianças morreram vítima de epidemias e balas, centenas de quilômetros de rios e florestas foram e ainda são destruídos pelos garimpos. A grande crise que hoje nos envergonha já se abateu outras vezes sobre esse povo. E não são essas imagens de fragilidade e dor que representam o povo Yanomami. Elas revelam a ignorância, a ganância e a desumanidade dos nape. Os Yanomami são belos, fortes, sábios. Enfeitam-se de plumas e pinturas de urucum, cultivando roças e manejando a floresta, construindo casas monumentais no meio da mata com sua arquitetura fantástica. A alegria das crianças, as grandes cerimônias rituais, as narrativas e cantos são o legado desse povo que mantém o céu suspenso com suas pajelanças para o bem de todos nós. Nagakura-san esteve na aldeia do Demini com Ailton Krenak por duas vezes. Encantou-se com a sabedoria do povo, com a alegria das crianças e o profundo conhecimento do grande líder Davi Kopenawa Yanomami.