Vinte anos após a invasão do Iraque, persiste a controvérsia sobre a existência das “armas de destruição em massa”, que foram a justificativa para a invasão e para a participação do Reino Unido na guerra como principal aliado dos Estados Unidos. As tropas da coalizão internacional enviadas ao deserto iraquiano em 20 de março de 2003 tinham a ordem de encontrar as supostas armas de destruição em massa do regime de Saddam Hussein. Mas os marines americanos nunca encontraram tal armamento. E, provavelmente, nunca encontrariam se por 100 a os lá se instalassem.
O ditador, que estava no poder desde 1979, apoiado durante uma década pelo próprio EUA, caiu em questão de semanas. Em seu lugar o então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, insistiu em "impor uma democracia liberal". Modelo Yankkes de democracia... Um Big Stick contemporâneo.
De fato, a invasão abriu uma caixa de Pandora. O atentado de fevereiro de 2006 contra um mausoléu xiita em Samarra, ao norte de Bagdá, incendiou uma guerra civil de violência incomum que persistiu até 2008.
De 2003 a 2011, ano da retirada americana, mais de 100.000 civis iraquianos morreram, segundo a organização Iraq Body Count. O governo dos Estados Unidos registrou as mortes de quase 4.500 cidadãos do país. Mas, as imagens são estarrecedoras.
Mas o trauma mais recente veio da ocupação de quase um terço do território do Iraque pelo grupo Estado Islâmico, entre 2014 e dezembro de 2017, quando Bagdá e uma coalizão internacional anunciaram "vitória" militar contra os extremistas.
Ao longo dos anos, a violência alterou profundamente a sociedade iraquiana, que se distinguia pela grande diversidade étnica e religiosa.
Duramente atingida por atentados durante a guerra civil e depois pelas ações dos extremistas, a comunidade cristã registrou uma redução drástica em sucessivas ondas de emigração.
Os yazidis, uma comunidade de vários séculos que segue uma religião sincrética monoteísta, foram vítimas dos crimes do EI, considerados um genocídio pelos investigadores da ONU.
Após as guerras, o Iraque afundou em um cenário instabilidade.
As relações entre o Curdistão do Iraque, uma região do norte que aspira mais autonomia, e Bagdá são tensas, muitas vezes por causa das exportações de petróleo.
No fim de 2019 explodiram protestos contra a corrupção, o "desperdício" de dinheiro e a "interferência" do Irã. As manifestações foram reprimidas de forma sangrenta.
O Iraque é um Estado falido, vítima de uma modelo de intervenção tosco. E no fim, algo é certo, na nova ordem mundial: Ninguém regula a América.
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Abração.