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I
Dias de desalento. Passada a novidade eufórica e seduzida a esperança, cabe ao desalento ocupar-se do espaço pandémico colectivo. A peste já enche espaço material para além do digital. A sempre prosaica melancolia não se digna a aparecer hoje? É suficiente - o momento de troca - como passagem de testemunho. Sai o desarmado desalento, entra a melancolia criativa. Substituição. Processo de recuperação sem intervalo. Fulminante. Sai o desarmado desalento, entra a melancolia criativa. Mas o desalento é lento e de ambíguo auto-reconhecimento; e a melancolia nenhum raio súbito de cura, senão mero processo preguiçoso de ir de ali para aqui e aqui se ficar. Sou melancolia e estou muito bem, obrigado por perguntares. Há sete minutos era desalento numa procura entretida. Há dias em que perder tempo quer mesmo dizer tempo perdido.
II
E hoje, não vais citar nada, não? Tenho de me organizar. Com a regularidade com que escrevo textos, preciso da minha própria base de dados, não é? Isto da memória aos trinta e seis. E depois há a inercia, o levantar, o pegar no livro... (ler mais)
I
Dias de desalento. Passada a novidade eufórica e seduzida a esperança, cabe ao desalento ocupar-se do espaço pandémico colectivo. A peste já enche espaço material para além do digital. A sempre prosaica melancolia não se digna a aparecer hoje? É suficiente - o momento de troca - como passagem de testemunho. Sai o desarmado desalento, entra a melancolia criativa. Substituição. Processo de recuperação sem intervalo. Fulminante. Sai o desarmado desalento, entra a melancolia criativa. Mas o desalento é lento e de ambíguo auto-reconhecimento; e a melancolia nenhum raio súbito de cura, senão mero processo preguiçoso de ir de ali para aqui e aqui se ficar. Sou melancolia e estou muito bem, obrigado por perguntares. Há sete minutos era desalento numa procura entretida. Há dias em que perder tempo quer mesmo dizer tempo perdido.
II
E hoje, não vais citar nada, não? Tenho de me organizar. Com a regularidade com que escrevo textos, preciso da minha própria base de dados, não é? Isto da memória aos trinta e seis. E depois há a inercia, o levantar, o pegar no livro... (ler mais)