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Aos 53 anos seriam muitas histórias, mas deixo essa para o momento.
Em fevereiro deste 2024 conheci Carlo do mesmo modo como conheci tantos outros - por aplicativo de paquera. Mas algo naquela conversa era diferente.
Logo depois dos primeiros contatos, pediu meu número de celular, disse que ia a um passeio de Fusca e na volta me chamaria. Duvidei porque ele poderia ser como muitos que deixam suas conversas pelo caminho. Mas num domingo, às 17h30, na volta do passeio, ele mal chegou e já me chamou - “Oi, estou aqui, quer conversar?”
E longas conversas vieram.
Bastaram três dias para que ele quisesse me conhecer pessoalmente. No encontro, fui surpreendida pela beleza desse homem. 56 anos, personal, com 3% de gordura no corpo, vaidoso, músculos à mostra, muitas tatuagens, roupa e acessórios singulares. Foi gentil desde o primeiro minuto.
Me levou em um espaço diferente, um café que ficava num contêiner, todo decorado de forma diferente. Ali escolhemos um suco pra mim e um capuccino gelado pra ele. Foi uma tarde inteira de muita conversa descontraída. Apesar da imagem forte do início, ele era meigo e tímido; me fez uma flor de guardanapos, me entregou... Pagou a conta, pegou na minha mão e fomos embora de carro. E desde então não nos separamos mais.
Os dias foram passando e o sentimento aumentando. Nossa rotina se ajustou tanto, era tão perfeita em tão pouco tempo, que eu não me continha de alegria. Ficávamos grudados de sábado à noite até segunda pela manhã. Muita comida boa, passeios, filmes e muito tempo juntos... Demonstração de amor, cuidado, sexo maravilhoso… Quarta e quinta tudo se repetia. Às sextas, era dia dele cuidar da sua filha de 14 anos, então não nos víamos.
Dois meses se passaram como se fossem anos. Coisas que não se explicam, mas se sente com muita intensidade! Durante a Semana Santa, passamos o Sábado de Aleluia juntos, no Domingo de Páscoa trocamos chocolates... Depois do almoço, mais abraços, grudados um no outro.
Segunda pela manhã, como de costume, ele me deixou em casa. Dentro do carro me abraçou, beijou, eu olhei para ele e de repente, de forma completamente inesperada, me veio no pensamento ACABOU. Era a coisa mais absurda que poderia pensar naquele momento perfeito.
Nós nos despedimos, combinamos de nos falar depois.
Em casa, entrei em surto... Pensei mil coisas. Até ciúmes da filha, medo de ele terminar comigo... Coisas que até então nunca tinha pensado. Sem pensar muito peguei o celular e escrevi muitas coisas, questionamentos sem fundamento para um encontro de dois meses, cobrei coisas que não tinham sentido.
Ele respondeu que precisava ficar em silêncio e digerir minhas palavras. Fui abatida pelo incerto. E o silêncio durou uma eternidade.
Domingo era aniversário da minha neta, em uma chácara, e minha família estaria lá. Ele e a filha também deveriam ir, mas nada dele responder minhas mensagens e ligações. Com a
correria do aniversário, almoço, bolo, docinhos, só pude sentir a angústia do sumiço.
No caminho para casa resolvi tentar mais uma vez ligar para ele. Peguei o celular e meu mundo veio abaixo. A foto do status, do celular, e também insta e face... Em todas as redes, uma imagem com os dizeres “Ato de despedida de Carlo Vinícius Andreatta…” Velório e sepultamento no mesmo lugar…
Enlouqueci, quis descer do carro, um abismo se abriu, eu não queria acreditar no que estava lendo. Minha mãe e filho precisaram me acalmar... Eu não conseguia entender o que estava acontecendo… Carlo morreu? Como? Quando? De que?
...
Lembrando que o Podcast Sozinha de si é um projeto de acolhimento através de histórias anônimas, para cuidar de todas de uma vez! Manda a sua história pra mim: [email protected]
Aos 53 anos seriam muitas histórias, mas deixo essa para o momento.
Em fevereiro deste 2024 conheci Carlo do mesmo modo como conheci tantos outros - por aplicativo de paquera. Mas algo naquela conversa era diferente.
Logo depois dos primeiros contatos, pediu meu número de celular, disse que ia a um passeio de Fusca e na volta me chamaria. Duvidei porque ele poderia ser como muitos que deixam suas conversas pelo caminho. Mas num domingo, às 17h30, na volta do passeio, ele mal chegou e já me chamou - “Oi, estou aqui, quer conversar?”
E longas conversas vieram.
Bastaram três dias para que ele quisesse me conhecer pessoalmente. No encontro, fui surpreendida pela beleza desse homem. 56 anos, personal, com 3% de gordura no corpo, vaidoso, músculos à mostra, muitas tatuagens, roupa e acessórios singulares. Foi gentil desde o primeiro minuto.
Me levou em um espaço diferente, um café que ficava num contêiner, todo decorado de forma diferente. Ali escolhemos um suco pra mim e um capuccino gelado pra ele. Foi uma tarde inteira de muita conversa descontraída. Apesar da imagem forte do início, ele era meigo e tímido; me fez uma flor de guardanapos, me entregou... Pagou a conta, pegou na minha mão e fomos embora de carro. E desde então não nos separamos mais.
Os dias foram passando e o sentimento aumentando. Nossa rotina se ajustou tanto, era tão perfeita em tão pouco tempo, que eu não me continha de alegria. Ficávamos grudados de sábado à noite até segunda pela manhã. Muita comida boa, passeios, filmes e muito tempo juntos... Demonstração de amor, cuidado, sexo maravilhoso… Quarta e quinta tudo se repetia. Às sextas, era dia dele cuidar da sua filha de 14 anos, então não nos víamos.
Dois meses se passaram como se fossem anos. Coisas que não se explicam, mas se sente com muita intensidade! Durante a Semana Santa, passamos o Sábado de Aleluia juntos, no Domingo de Páscoa trocamos chocolates... Depois do almoço, mais abraços, grudados um no outro.
Segunda pela manhã, como de costume, ele me deixou em casa. Dentro do carro me abraçou, beijou, eu olhei para ele e de repente, de forma completamente inesperada, me veio no pensamento ACABOU. Era a coisa mais absurda que poderia pensar naquele momento perfeito.
Nós nos despedimos, combinamos de nos falar depois.
Em casa, entrei em surto... Pensei mil coisas. Até ciúmes da filha, medo de ele terminar comigo... Coisas que até então nunca tinha pensado. Sem pensar muito peguei o celular e escrevi muitas coisas, questionamentos sem fundamento para um encontro de dois meses, cobrei coisas que não tinham sentido.
Ele respondeu que precisava ficar em silêncio e digerir minhas palavras. Fui abatida pelo incerto. E o silêncio durou uma eternidade.
Domingo era aniversário da minha neta, em uma chácara, e minha família estaria lá. Ele e a filha também deveriam ir, mas nada dele responder minhas mensagens e ligações. Com a
correria do aniversário, almoço, bolo, docinhos, só pude sentir a angústia do sumiço.
No caminho para casa resolvi tentar mais uma vez ligar para ele. Peguei o celular e meu mundo veio abaixo. A foto do status, do celular, e também insta e face... Em todas as redes, uma imagem com os dizeres “Ato de despedida de Carlo Vinícius Andreatta…” Velório e sepultamento no mesmo lugar…
Enlouqueci, quis descer do carro, um abismo se abriu, eu não queria acreditar no que estava lendo. Minha mãe e filho precisaram me acalmar... Eu não conseguia entender o que estava acontecendo… Carlo morreu? Como? Quando? De que?
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Lembrando que o Podcast Sozinha de si é um projeto de acolhimento através de histórias anônimas, para cuidar de todas de uma vez! Manda a sua história pra mim: [email protected]