Dizem que Nasrudin, certa vez, foi visto empurrando seu burro montanha acima, suando, bufando, tropeçando. Um andarilho curioso e sem entender o que acontecia, rompeu o silêncio e perguntou:

— Mestre, por que o senhor não sobe no burro e deixa que ele o leve?

Nasrudin, ofegante, parou, olhou para o jovem e respondeu:— Então, não percebe? O burro já carrega o peso da subida. Não quero acrescentar também o meu.

Então, seguiu seu caminho. Ele, empurrando o animal, e o animal ali, naquele movimento, dificultando um tanto o caminho, até que ambos, exaustos, pararam numa fonte, à beira da estrada.Foi aí que o andarilho percebeu: não era o burro que levava Nasrudin, mas Nasrudin que levava o burro, como fazemos também, tantas vezes na vida, quando, por exemplo, insistimos em carregar aquilo que deveria nos conduzir de maneira fluida e natural.

(acorde dissonante)Olá! Meu nome é Patrick Mesquita. Sou astrólogo tradicional, músico e aprendiz do tempo, essa matéria-prima invisível que molda a vida como o vento molda as dunas. Há mais de vinte anos sigo os rastros do firmamento, decifrando seus contextos como quem traduz uma língua antiga. E há quase uma década, interpreto o mapa de nascimento das pessoas, reavivo seus dilemas, costuro narrativas astrológicas que revelam uma gramática silenciosa: a fino tear secreto que sustenta a existência e conduz cada um de nós em direção à nossa eudaimonia.

Meu ofício é esse, interpretar os movimentos celestes para que cada pessoa enxergue com mais clareza o seu próprio caminhar. E não se trata de adivinhação ou vãs signologias, mas de devolver alguma proporção ou mesmo profundidade à essa experiência magnífica de estarmos vivos, e de podermos, com a inteligência que o Grande Arquiteto do Universo nos deu, antever os fluxos diários da Lua, nós, humanos passageiros que seguimos em cima deste mundo sub-lunar. E este é o Fios do Firmamento, um espaço onde costuro palavras, contos e reflexões, como fios que unem a sabedoria dos antigos à realidade que vivemos hoje. Aqui, o céu deixa de ser apenas distante e se torna um espelho do viver, temperado com pitadas de poesia e filosofia.

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E é nessa força que agora iremos ao conteúdo semanal, abrindo o céu da semana, como uma gramática secreta do tempo que, em diálogo com a vida, vibra e se revela na vida nossa de cada dia.Cadência Harmônica preparando para o céu do dia:

Dm7 Dm7/C Bb7+ Am7 Gm7 Am7 Bb7+ Dm/B Dm/C Dm/C#

O céu desta semana é um livro de contrastes.A Lua, em sua fase crescente, vai percorrer os signos de Capricórnio, Aquário e Peixes, deixando rastros de atrito, desapego e coragem. Cada dia carrega um chamado.

Agir apesar do peso do passado, renunciar ao que não sustenta, podar para respirar. Sempre lembrando que não há suavidade sem tensão, nem crescimento sem cortes. O firmamento nos devolve, mais uma vez, a lembrança de que viver é tecer ciclos, e que todo retorno é também um recomeço...🌒 O início da semanaHoje é segunda, 29 de setembro. Iniciamos a travessia com a Lua crescente em Capricórnio. A cabra com rabo de peixe, que sabe escalar o impossível, levanta-se exilada, mas não menos sábia. Logo cedo, ela encontra Marte em Escorpião, eis o chamado. Um sextil discreto, mas firme, lembrando que crescer exige ação, mesmo quando o passado insiste em pesar sobre os ombros. Depois, surge a quadratura com o Sol em Libra, e aqui está o rito da Lua crescente, um atrito inevitável. Crescer é sempre o lugar estreito entre o que fomos e o que ousamos ser. É preciso suportar a fricção, como o músico suporta a tensão da corda para que dela nasça o som.(continua…)

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✨Até a próxima segunda!

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