Há milhares e milhares de anos atrás, num belo dia ensolarado, um viajante sem nome chegou ao sopé de uma montanha que jamais lançava sombra. Diziam que ali o tempo hesitava, e que, na véspera da Lua desaparecer, uma pergunta antiga ecoava entre as pedras.
O viajante trazia consigo apenas um espelho sem reflexo, que carregava no peito como quem guarda um segredo incurável.
Ao pé da montanha, encontrou um velho jardineiro plantando sementes em solo seco. Eram sementes de árvores que jamais cresceriam e, no entanto, ele as regava com cuidado, como se a esperança pudesse anteceder a possibilidade.
— Por que planta, se sabe que nada brotará? — perguntou o viajante.
O jardineiro respondeu sem pressa:
— Porque o gesto de plantar já contém a árvore. O resto é vaidade do tempo.
O viajante então subiu, um passo por estação, até o cume onde morava a Guardiã da Última Palavra. Ela vivia num templo feito de sopros, rodeada por livros que jamais foram escritos.
— Vim buscar a verdade — disse ele.
A Guardiã sorriu com tristeza.
— A verdade? Ela não cabe em palavras. Nem em espelhos.
O viajante tirou o espelho do peito. Ainda estava vazio.
— Então o que devo levar comigo?
Ela o olhou com compaixão:
— Leve o espelho. Um dia, quando esquecer de procurar, ele refletirá.
E assim o viajante desceu da montanha. O céu já se preparava para silenciar-se na Lua nova. Nada havia mudado — exceto o modo como ele escutava o silêncio.
Desde então, contam que, às vésperas da Lua se apagar, quem ouve o próprio coração como quem escuta uma montanha, encontra ali um espelho. E às vezes, por um segundo, ele reflete.
Olá, meu nome é Patrick Mesquita, astrólogo tradicional, dedicado há mais de uma década à escuta sensível dos céus e das histórias que neles se entrelaçam. No podcast Fios do Firmamento, este nosso refúgio sonoro, costumo costurar reflexões que unem a poesia dos astros com pensamentos provocadores, para que você possa atravessar o tempo com mais precisão… e menos ruído.
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Agora sim, vamos ao céu do dia...
Hoje é 22 de julho, terça, dia de Marte
Amanhecemos como quem retorna do exílio. Havia uma quietude estranha nas palavras, como se todas as pontes fossem feitas de bruma, e cada travessia, um esforço de linguagem. A Lua, minguante e fleumática, ainda anda pelas travessas barulhentas de Gêmeos, mas com o passo incerto de quem já não pertence. E só depois das nove e meia da manhã que ela enfim retorna para casa, o signo do Caranguejo, e se permite soltar os ombros, sentar à mesa, sentir o chão úmido da memória ancestral.
E não ficamos por aqui, pouco tempo depois surge uma outra coroação: o Sol, em sua marcha constante, atravessou o limiar de Câncer para acender-se em Leão. Como quem acende a própria vela no altar do mundo. O astro Rei retornando ao seu trono e, com ele, a consciência da presença do momento. Há algo de irrevogável nesse gesto. Uma espécie de afirmação que, mesmo sem prometer nada, exige inteireza. Como quem diz: agora é hora de ser o que se é, e sustentar a luz que se carrega.
Mas justo quando o dia parece se firmar entre o regresso da Lua e o esplendor do Sol, o céu apresenta seu obstáculo: a Lua em Câncer olha para Saturno, retrógrado e em queda no signo de Áries. Uma quadratura entre o desejo de recolhimento e a obrigação de resistir. Entre o cuidado silencioso e a dureza dos limites. É um aspecto que não consola, tensiona. Nos faz lembrar que mesmo o abrigo mais seguro não impede o frio de chegar pelas frestas.(continua…)
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