A História da Literatura Espírito Santense (Professor Affonso Claudio - 1913)
Edicao das Officinas d'O Commercio do Porto. Porto, vol. 390, page. em 80 — 1913.
Após a leitura das 536 páginas, excluindo as 34 que formam a Explicação Preliminar e a introdução, do livro do Dr. Affonso Cláudio, a impressão que nos fica é agradável, senão deliciosa.
Escrito num estilo corrente e natural, sem torcidelas e esforços extenuantes, sem preocupações de manusear dicionário para enxertar vocábulos apanhados a esmo, escolhendo o sentido afim de encaixar a palavra pouco comum, a obra do Dr. Affonso impõe-se pelo aspecto tríplice que nos apresenta: pelos seus conhecimentos de evolução literária, pelos seus conhecimentos científicos e pelos seus conhecimentos de filosofia.
A exiguidade do nosso tempo não nos permite um resumo do livro instrutivo, sob vários prismas, do Dr. Affonso Cláudio, que dotou o Espírito Santo de uma obra útil, destinada a perpetuar em conjunto a memória dos seus filhos ilustres, que trabalharam por colocá-lo em nível intelectual na corrente literária nacional; e que ao país e ao seu desenvolvimento mental presta o serviço assinalado de enfeixar com critério e proficiência, em páginas bem elaboradas, a história e o lugar histórico do Espírito Santo na evolução literária do Brasil.
Aquelles que exorbitaram dos limites geographicos em que surgiram à luz das circumstancias, quando favorescidos de circumstancias comparaveis aos seus contrerraneos. Não pensamos que a pequena quota, que formara a fortuna litteraria espirito-santense, fosse o movel orientador do Dr. Affonso Claudio na direcção determinada de sua approciação dos homens do Espirito Santo. Haije em vista que, tratando de Ulysses Sarmento, innegavelmente o primeiro poeta espirito-santense, sem despropositadas parvisitas, se ensaia e colloca-o junto dos confrades justamente aureolados com a fama de buriladores do verso (*pag. 398*).
Entretanto, no tempo transorrido de 1770 até 1908, que tanto alcança o livro do Dr. Affonso Claudio, é escasso o numero de litteratos, e o d'aquelles que lograram exceder as raias estaduais ainda mais escasso é. E porque?
CEZAR VELLOSO.