
Sign up to save your podcasts
Or


Para alguns, a maior dificuldade é entender como o país se meteu na aventura fascista de Bolsonaro e companhia, a partir de fatos cada vez mais revoltantes do dia a dia. A tarefa dada frente à incessante onda de monstruosidades é a da vigilância máxima, a partir dos eventos autoritários que vão se somando, impedindo, na medida do possível, sua escalada inevitável.
Enquanto isso, outros pensam que o momento é de juntar forças, mesmo discordantes, para dar conta do enfrentamento urgente ao presidente e da retomada da via democrática que vinha sendo construída. Com a ameaça explícita de autoritarismo de Estado e de retrocesso das políticas populares, o maior desafio é interromper o projeto de poder incorporado por Bolsonaro em nome de seus patrocinadores, como laranja do neoliberalismo injusto em economia, autoritário nas relações sociais e reacionário em costumes. O pior dos mundos possíveis.
Já para um terceiro grupo, é preciso pensar grande, resgatar projetos mais ambiciosos e construir uma alternativa socialista desde já, considerando que o trabalho destrutivo do atual governo não é um acidente de percurso, mas a materialização ardilosa de um projeto de longo prazo. Que começa com a aniquilação de conquistas em várias áreas, para depois edificar estruturas orgânicas de manutenção do poder político e econômico voltado para o interesse do mercado e da minoria que domina suas engrenagens.
O francês Fernand Braudel (1902-1985), considerado um dos grandes historiadores do século 20, talvez possa ajudar nesse momento. Além de autor de trabalho clássico sobre o Mediterrâneo na época de Felipe II, escrito quando estava preso num campo de concentração, durante a Segunda Guerra, ele contribuiu para a criação da Universidade de São Paulo, onde chegou a lecionar entre 1935 e 1937. Seus estudos levaram a uma nova forma de relacionar a ciência da história com diferentes configurações do tempo.
Para Braudel, assim como o tempo pode ser entendido a partir da duração dos acontecimentos, a história precisa estar atenta a essa dimensão variável. Para um tempo curto, uma história que abarca eventos de curta duração. Para o tempo médio, a história deve contribuir com reflexões que levem em conta a conjuntura e sua maior complexidade. Já para o tempo longo, entra em cena a história das estruturas da sociedade. Na vida e na política, não é incomum confundir as três esferas.
O Brasil hoje tem problemas nas três durações do tempo. Bolsonaro a cada dia oferece um evento destrutivo, seja na educação, na saúde, no meio ambiente e na extinção do Bolsa Família, para ficar nas crises mais recentes. Os exemplos são vergonhosos. A desconfiança sobre o Enem com a demissão em massa de técnicos que denunciam aparelhamento ideológico na área da educação. A corrupção, a inépcia, o negacionismo e os crimes contra a humanidade no combate à pandemia.
By Brasil de Fato MGPara alguns, a maior dificuldade é entender como o país se meteu na aventura fascista de Bolsonaro e companhia, a partir de fatos cada vez mais revoltantes do dia a dia. A tarefa dada frente à incessante onda de monstruosidades é a da vigilância máxima, a partir dos eventos autoritários que vão se somando, impedindo, na medida do possível, sua escalada inevitável.
Enquanto isso, outros pensam que o momento é de juntar forças, mesmo discordantes, para dar conta do enfrentamento urgente ao presidente e da retomada da via democrática que vinha sendo construída. Com a ameaça explícita de autoritarismo de Estado e de retrocesso das políticas populares, o maior desafio é interromper o projeto de poder incorporado por Bolsonaro em nome de seus patrocinadores, como laranja do neoliberalismo injusto em economia, autoritário nas relações sociais e reacionário em costumes. O pior dos mundos possíveis.
Já para um terceiro grupo, é preciso pensar grande, resgatar projetos mais ambiciosos e construir uma alternativa socialista desde já, considerando que o trabalho destrutivo do atual governo não é um acidente de percurso, mas a materialização ardilosa de um projeto de longo prazo. Que começa com a aniquilação de conquistas em várias áreas, para depois edificar estruturas orgânicas de manutenção do poder político e econômico voltado para o interesse do mercado e da minoria que domina suas engrenagens.
O francês Fernand Braudel (1902-1985), considerado um dos grandes historiadores do século 20, talvez possa ajudar nesse momento. Além de autor de trabalho clássico sobre o Mediterrâneo na época de Felipe II, escrito quando estava preso num campo de concentração, durante a Segunda Guerra, ele contribuiu para a criação da Universidade de São Paulo, onde chegou a lecionar entre 1935 e 1937. Seus estudos levaram a uma nova forma de relacionar a ciência da história com diferentes configurações do tempo.
Para Braudel, assim como o tempo pode ser entendido a partir da duração dos acontecimentos, a história precisa estar atenta a essa dimensão variável. Para um tempo curto, uma história que abarca eventos de curta duração. Para o tempo médio, a história deve contribuir com reflexões que levem em conta a conjuntura e sua maior complexidade. Já para o tempo longo, entra em cena a história das estruturas da sociedade. Na vida e na política, não é incomum confundir as três esferas.
O Brasil hoje tem problemas nas três durações do tempo. Bolsonaro a cada dia oferece um evento destrutivo, seja na educação, na saúde, no meio ambiente e na extinção do Bolsa Família, para ficar nas crises mais recentes. Os exemplos são vergonhosos. A desconfiança sobre o Enem com a demissão em massa de técnicos que denunciam aparelhamento ideológico na área da educação. A corrupção, a inépcia, o negacionismo e os crimes contra a humanidade no combate à pandemia.