A Lenda do Mosteiro (Revista A Cigarra - 1949)

Texto de ARLINDO SILVAFotos de SALOMÃO SCLIARQUALQUER avião que tenha de descer no aeroporto de Vitória, venha de que lado vier, há de encontrar-se, em determinado momento, no mesmo nívelda montanha, em cujo tôpo está engastado o mosteiro da Penha.E' um espetáculo soberbo: a mataria verde revestindo a serra, e, lá em cima, muito branco, reluzindo ao sol, o lendário templo.Ao pé da montanha está o mar, com a entrada para o pôrto de Vitória.O mosteiro foi edificado sobre o rochedo, de modo que é em tudo o retrato de um castelo medieval.De dentro dêle, a vista abrange, uma extensão incalculável de terras e alcança até o alto mar. Essa particularidade é fàcilmente compreensível quando se lembra que o mosteiro foi construído cêrca de 60 anos após o descobrimento do Brasil, numa época em que a nova terra sofria ataques e pilhagem de aventureiros de todas as nacionalidades.Daí, a localização do tempio num ponto estratégico. Tão fabulosa construção é obra dos franciscanos.No ano de 1558 chegou à capitania do Espírito Santo um irmão leigo daquela Ordem, de nome Pedro de Palácios, o qual, querendo levar vida de ermitão deixara a província de Arrabida, na Espanha, onde tinha o seu convento, para vir ao Novo Mundo, a fim de realizar aqui a catequese dos índios.Inicialmente havia desembarcado na Bahía, e ali permaneceu durante certo tempo, auxiliando os jesuítas na obra de conversão e educação dos gentios.Depois, como soubesse da penúria reinante no Espírito Santo desceu para o Estado capixaba.