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A MAÇONARIA NÃO APOIA GOLPISMO


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Por Hélmiton Prateado
“O maçom deve ser pessoa pacífica, submeter-se às leis do país onde estiver, e não tomar parte nem deixar se arrastar nos motins ou conspirações deflagrados contra a paz e a prosperidade do povo, nem mostrar-se rebelde à autoridade inferior, porque a guerra, o derramamento de sangue e as perturbações da ordem, têm sido sempre funestos para a Maçonaria”. Constituição de Anderson.
O Brasil passou por eleições gerais nesse ano e a maioria dos eleitores escolheu um novo mandatário para o país, patenteando a democracia e o pleno funcionamento das instituições. A Justiça Eleitoral atuou fortemente contra a disseminação de fake news, combateu o abuso do poder político e econômico, deu transparência sobre todo o processo de votação e apuração sob o monitoramento de instituições internacionais e órgãos de acompanhamento nacionais. A democracia venceu e tudo caminha para a normalidade.
Infelizmente persistem focos de descontentamento com o resultado do pleito, todavia, o que tem motivado preocupação sobre os passos seguintes para a pacificação do país. Parcela ideologicamente identificada com os segmentos derrotados nas urnas se movimentam desde que foi proclamado o resultado e agitam o cenário político com pedidos fora do contexto democrático. Questionam a lisura das eleições, criticam a Justiça Eleitoral, colocam sob suspeita a legitimidade das urnas eletrônicas e tecem ilações sobre o direito de candidatos e eleitos serem empossados.
Mas, o pior segue em outro nível após os questionamentos. Acampados nas portas de quartéis eles insatisfeitos pedem intervenção das Forças Armadas, alegam haver um risco do Brasil ser tomado por “comunistas” e que “as esquerdas” vão implantar um regime no Brasil. Imploram por democracia, liberdade e defesa de valores patrióticos e da família. Como se não bastassem os militantes de candidaturas derrotadas, esses recebem a adesão de maçons ativos e regulares que não se intimidam em se vestir a caráter como se fossem para sessões ritualísticas e ostentam faixas se dizendo representantes da defesa do Direito e da Justiça e que a “maçonaria” também aspira por uma intervenção militar.
Os que insistem nessa tentativa de golpe contra a estabilidade política atentam contra toda a população e patenteiam uma dificuldade para viver em paz e harmonia, não sabendo conviver com diferenças. Pior ainda quando homens que se intitulam “livres e de bons costumes” recorrem à pregação de insubordinação às leis e à ordem para tentar outorgar uma situação que não conseguiram através do convencimento.
A maçonaria, terminantemente não defende golpes e não pactua com intervenções, quarteladas, ditaduras e imposições de força se sobrepondo ao debate de ideias. A Constituição de Anderson, publicada em 1723 – portanto perto de completar 300 anos – foi escrita por James Anderson, Mestre Maçom da Grande Loja de Londres e é adotada como principal base legal e código de conduta da Maçonaria Universal desde então. O ditame nela inscrito em seu Artigo II é cristalino e de fácil compreensão, principalmente no que se refere ao cumprimento das leis e à proibição de não se envolver em conspirações ou complôs.
O problema é que muitos maçons se recusam terminantemente a ler e estudar, sendo avessos a ler até mesmo orelhas de livros, o que é inadmissível em se tratando de uma fraternidade que busca o aprimoramento moral, espiritual e intelectual do homem. O “desbastar da pedra bruta” passa obrigatoriamente pelo estudo constante e o respeito às nossas tradições e regulamentos e o conhecimento da Constituição de Anderson é premissa básica para prosseguir na Sublime Ordem Maçónica. Combater a tirania, os preconceitos e os erros deve ser uma prática constante e mantida sob vigilância para não permitir o desvirtuamento da prática democrática e tampouco provocar a instabilidade da nação. O que não se admite é incentivar ou defender a tirania, a ditadura e a intervenção militar.
Pregar a destituição de um Poder legitimamente insta
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Malhete PodcastBy Luiz Sérgio F. Castro