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A REBELIÃO DE MARTINHO LUTERO E A GUERRA DOS 30 ANOS #347


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O homem por sua própria natureza está totalmente corrupto e crendo em suas próprias obras, se oposta à obra de Deus, a única obra que o pode salvar.”
Martinho Lutero
Por Jorge Calvo Rojas
A Igreja Católica, religião que se originou na então província romana da Judéia e que em seus primórdios se espalhou clandestinamente por toda a Europa desde os tempos do Império Romano, e os romanos os perseguiram e puniram severamente jogando-os aos leões no Coliseu, era uma religião monoteísta em um mundo politeísta. Teria um ponto de tensão máxima sob o imperador Nero, que ordenou que Roma fosse queimada para incriminá-los e persegui-los. Finalmente, o catolicismo só foi reconhecido e ganhou presença oficial no século III d.C., mas muito em breve o Império Romano sofreu os ataques das selvagens tribos nórdicas que empurradas pelas hostes de Átila vieram devastá-lo e acabaram afundando a civilização greco-romana.
Levaria anos e um enorme esforço para que a religião católica sobrevivesse sob a proteção de alguns poderosos reis visigóticos, ostrogóticos e outros. A Igreja estava prestes a desaparecer. Durante várias décadas seu destino esteve por um fio e depois em uma série de Concílios e sob a proteção benevolente oferecida por certos monarcas pouco interessados em questões de fé, a Igreja conseguiu tecer uma poderosa teia de domínio que gradualmente a levou a restaurar e impor uma autoridade temível que durante o período medieval lhe permitiu estabelecer um controle absoluto que atinge seu zênite com absolutismo.
Durante este período a Igreja basicamente proibiu a investigação, estudo e conhecimento da realidade, baseando-se no princípio de que tudo havia sido criado por Deus. A natureza e o modo de funcionamento das coisas era vontade divina, mesmo os reis descendiam diretamente de Deus. Nessa perspectiva, logicamente, não fazia sentido tentar esquadrinhar, questionar ou alterar os desígnios da providência divina. Tudo o que importava era a boa conduta, confessar-se ao padre, fazer penitência e os pecados seriam perdoados. Dependendo de como agíssemos nesta vida, seria o castigo ou a recompensa que receberíamos na "outra vida", quando morrêssemos. Você poderia chegar lá com um perdão. Tudo poderia ser perdoado. Nessa época e protegido por essas ideias e valores, nasceu um próspero negócio. A Igreja, os papas, os bispos e toda a institucionalidade hierárquica da Igreja começaram a venda antecipada de indultos.
A Igreja sob o nome de "indulgências" vendeu esses perdões em vida. Essa situação durou séculos.
Quais eram as indulgências?
A Igreja perdoava os pecados se uma doação fosse feita. A igreja de Wittenberg foi o local da maior coleção de relíquias da Europa. Apenas olhar para elas permitia que os pecados do visitante fossem perdoados. Em 1509 cada devoto que fizesse uma doação e o visitasse recebia uma indulgência de cem dias por cada relíquia, o que significaria um desconto de 1,9 milhão de dias para uma possível permanência no purgatório considerando que havia 19.013 peças sagradas.
“A autoridade suprema da Igreja não é o Papa, o Concílio ou o Estado, mas a Palavra de Deus.”
Martínho Lutero
Até o início do século XV, cerca de 506 anos atrás, apareceu um monge da ordem agostiniana que questionou esse papel da Igreja e levantou a voz. Seu nome era Martinho Lutero. Ele levantou uma crítica poderosa. Não só não era possível vender indultos, mas também em nenhum lugar nas escrituras sagradas dizia que os padres podiam confessar e muito menos perdoar. Entre outras coisas, Lutero disse: "Só Deus pode perdoar após a morte." Um movimento começou dentro da Igreja Católica chamado Protestantismo ou Luteranismo.
As noventa e cinco teses propostas por Lutero desencadearam o mais poderoso debate teológico vivido pela religião católica ao longo de seus dois mil anos de existência.
Na época em que Lutero desenvolve sua posição, Leão X assumiu como Papa com um grande desfile que imitava uma procissão do Santíssimo Sacramento e no qual aparecia um
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Malhete PodcastBy Luiz Sérgio F. Castro