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#013 – Você há de reconhecer: as redes sociais saíram do nosso controle. Seus efeitos têm extrapolado o que prevíamos como uma mera ferramenta de sociabilidade e trabalho e começaram a moldar a subjetividade contemporânea.
Por que isso é importante para o nosso ofício como escritor?
Venho reparando, tanto em alguns colegas quanto nos participantes de minhas oficinas, em uma tendência à irritabilidade, ao fôlego curto, a uma queixa constante em relação à própria falta de foco. Muita gente que se formou no romance russo novecentista dizendo que não estava mais com paciência para ler parágrafos longos. Ao mesmo tempo, a experiência de escrever um trechinho de qualquer coisa sem conseguir evitar o ato compulsivo, a cada cinco minutos, de interromper-se para verificar as novidades mínimas em um celular.
A escrita demanda um exercício de concentração em uma atividade exigente, elevada, altamente sofisticada, que requer atenção a nuances e sutilezas. Ela exige uma atenção complexa ao grão e à praia, ao devaneio disponível e à forja do detalhe.
Mas há uma força poderosíssima no sentido contrário e que anda nos emburrecendo. Em uma sociedade de excesso de informação, a escassez é a do foco, da concentração, do trabalho vertical. Justamente a habilidade requerida para escrever um conto, uma crônica, um romance. Esta força dispersiva tem sido cada vez mais intensa, quanto maior é o investimento – estamos falando em milhões de dólares – das empresas como Google e Facebook de aperfeiçoar uma máquina acessível como o smartphone que explore nossas fragilidades e que funcione como um caça-níqueis.
A luta tem sido desigual.
Mas eu preciso das redes para divulgar o meu trabalho! Estou isolado: como faço para conversar com as pessoas?
Quero te propor um experimento. Se você é dos que não têm conseguido ficar longe do celular por muito tempo, este experimento seguramente irá acabar com a angústia de fundo provocada pela necessidade de aprovação que as redes têm estimulado. Ele irá propor interações reais e verdadeiras no lugar da amizade superficial com milhares de contatinhos, além de um tempo de silêncio genuíno, sem os efeitos de abstinência.
O seu romance, afinal, é mais importante do que acompanhar o churrasco de domingo daquele amigo da adolescência que você nunca mais encontrou.
É a proposta de voltar a fazer das redes sociais uma ferramenta como outra qualquer: como uma bicicleta ou uma máquina de escrever. De readquirir a autonomia, restringindo um pouco liberalidade descontrolada que os engenheiros deste mercado de atenções têm estimulado com eficácia avassaladora.
Recomendo com bastante veemência que você escute este episódio de Prelo e comece, na contracorrente da revolução digital, uma revolução analógica.
Inscreva-se no canal para receber dicas e material exclusivo!
Clique em: https://escritacriativa.net.br/
#013 – Você há de reconhecer: as redes sociais saíram do nosso controle. Seus efeitos têm extrapolado o que prevíamos como uma mera ferramenta de sociabilidade e trabalho e começaram a moldar a subjetividade contemporânea.
Por que isso é importante para o nosso ofício como escritor?
Venho reparando, tanto em alguns colegas quanto nos participantes de minhas oficinas, em uma tendência à irritabilidade, ao fôlego curto, a uma queixa constante em relação à própria falta de foco. Muita gente que se formou no romance russo novecentista dizendo que não estava mais com paciência para ler parágrafos longos. Ao mesmo tempo, a experiência de escrever um trechinho de qualquer coisa sem conseguir evitar o ato compulsivo, a cada cinco minutos, de interromper-se para verificar as novidades mínimas em um celular.
A escrita demanda um exercício de concentração em uma atividade exigente, elevada, altamente sofisticada, que requer atenção a nuances e sutilezas. Ela exige uma atenção complexa ao grão e à praia, ao devaneio disponível e à forja do detalhe.
Mas há uma força poderosíssima no sentido contrário e que anda nos emburrecendo. Em uma sociedade de excesso de informação, a escassez é a do foco, da concentração, do trabalho vertical. Justamente a habilidade requerida para escrever um conto, uma crônica, um romance. Esta força dispersiva tem sido cada vez mais intensa, quanto maior é o investimento – estamos falando em milhões de dólares – das empresas como Google e Facebook de aperfeiçoar uma máquina acessível como o smartphone que explore nossas fragilidades e que funcione como um caça-níqueis.
A luta tem sido desigual.
Mas eu preciso das redes para divulgar o meu trabalho! Estou isolado: como faço para conversar com as pessoas?
Quero te propor um experimento. Se você é dos que não têm conseguido ficar longe do celular por muito tempo, este experimento seguramente irá acabar com a angústia de fundo provocada pela necessidade de aprovação que as redes têm estimulado. Ele irá propor interações reais e verdadeiras no lugar da amizade superficial com milhares de contatinhos, além de um tempo de silêncio genuíno, sem os efeitos de abstinência.
O seu romance, afinal, é mais importante do que acompanhar o churrasco de domingo daquele amigo da adolescência que você nunca mais encontrou.
É a proposta de voltar a fazer das redes sociais uma ferramenta como outra qualquer: como uma bicicleta ou uma máquina de escrever. De readquirir a autonomia, restringindo um pouco liberalidade descontrolada que os engenheiros deste mercado de atenções têm estimulado com eficácia avassaladora.
Recomendo com bastante veemência que você escute este episódio de Prelo e comece, na contracorrente da revolução digital, uma revolução analógica.
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