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By Tiago Novaes
The podcast currently has 103 episodes available.
#103 – Este episódio se dedica a discutir as noções de escassez e abundância no cuidado do tempo, em suas relações com a capacidade cognitiva e planejamento necessários à escrita de um livro.
O debate se origina do livro Escassez: uma nova forma de pensar a falta de recursos na vida das pessoas e nas organizações, de Sendhil Mullainathan e Eldar Shafir.
#102 – Em julho passado, durante o recesso de Prelo, viajei em lua-de-mel.
Foi um livro que escolheu o destino da nossa viagem. O que vivemos, dentre muitas outras coisas, foram as entrelinhas deste livro. A viagem foi uma experiência literária.
O livro remeteu a outro, e a outro. E este fio entre leituras, esta conversa entre os livros, foi conduzida pela batuta da leitura, movida por um pathos específico deste leitor.
Podemos ler livros ditados por interesses acadêmicos/profissionais.
Podemos deixar que a pauta do mercado, das promoções, da internet nos leve de um lado a outro.
Ou podemos fazer da leitura uma pesquisa para a escrita.
Podemos fazer do diálogo com os livros uma espécie de autoanálise.
É o que eu chamo de biobibliosofia. Ou de bibliobiografia. Conceitos-jogos de uma filosofia da proximidade, um diálogo com o mundo mediado pelas páginas, um tensionamento da vida para uma curiosidade íntima.
Neste novo episódio de Prelo, desenvolvo esta descrição, e trago um estudo de caso que liga leituras de estilos tão díspares como Fitzgerald, Annie Ernaux, Édouard Louis e Didier Eribon.
Obras mencionadas:
Inscreva-se no canal:
https://escritacriativa.net.br/
#101 – No episódio de hoje, converso com a Bia Nunes de Sousa, editora da Vestígio, que publica grandes obras como Nação Dopamina, Talvez Você Deva Conversar com Alguém e Foco Roubado, dentro tantas outras.
Nesta conversa, falamos sobre uma publicação recente da casa, O lado bom das expectativas, do jornalista da BBC David Robson, um livro que conversa muito com o ofício da escrita, porque investiga o efeito que nossas expectativas exercem sobre o resultado de um trabalho. Vamos discorrer sobre:
a. O que é efeito placebo e nocebo na alimentação, controle de stress e força de vontade, e como você pode fazer para operar segundo estes conhecimentos para escrever mais e melhor;
b. Os efeitos fisiológicos – mensuráveis, portanto –, causados pela ideia que fazemos das coisas. De como doenças imaginárias podem ser tão mortíferas quanto as verdadeiras;
c. Dicas e orientações para você que pretende enveredar pela não-ficção e escrever uma obra de divulgação científica. O que há em comum entre as obras bem sucedidas do gênero, e o que você pode aprender com elas.
Bia Nunes de Sousa é editora, tradutora e produtora de conteúdo com mais de 20 anos de experiência. Atualmente trabalha na Editora Vestígio, do Grupo Autêntica, onde é responsável pela prospecção e produção dos livros de autoconhecimento e divulgação científica. É formada em Direito pela PUC-SP, com especializações em Língua Portuguesa e Literatura pela Unip e Gastronomia, História e Cultura pelo Senac-SP.
Instagram da Bia: @bianunesdesousa
E para adquirir o livro O lado bom das expectativas, CLIQUE AQUI.
Editora Vestígio é editora de não ficção e ficção do Grupo Autêntica.
Instagram: @editoravestigio
Catálogo no site, CLICANDO AQUI.
Livros citados:
#100 – Muita coisa acontece em vinte anos.
A juventude chega aos quarenta. O mundo vira do avesso. O colateral ganha destaque. O que foi promessa já não assombra ninguém.
Nesses vinte anos e oito livros publicados, tendo coordenado oficinas para milhares de escritores, cheguei a aprender algumas coisinhas.
Não estou falando de macetes de escrita, mas de relações humanas, de ethos autoral, de como podemos fazer melhor ou pior uso das oportunidades que nos chegam – a depender de como encaramos as situações.
Tem a ver com a confusão muito nefasta entre autoaceitação e autocomplacência; com a arte de habitar certas indefinições, e muito mais.
Nesta semana, chegamos ao episódio 100 do Prelo, podcast de escrita e processos de criação. O Prelo surgiu em maio de 2020, em plena pandemia, como um modo de estreitar o meu diálogo com você, de apresentar leituras e debates que demandavam uma conversa mais longa.
Neste episódio de número #100, provei algo distinto: fiz um episódio filmado! Você tem a opção de assistir à conversa no YouTube, como num programa de tevê. Ou pode optar pelo formato tradicional no seu tocador preferido. :)
Ao fim do encontro, faço uma pergunta, e adoraria que você me dissesse o que pensa.
Caso queira assistir à versão em video, clique abaixo!
PRELO #100 – O que aprendi – e o que estou aprendendo – YouTube – Episódio Filmado 🔥🔊🫣
#099 – Cá entre nós: por que você não desiste de escrever? De publicar? De ser reconhecido? Reconhecido pelo quê, afinal?
Por que você quer tanto assim esse reconhecimento? Quem foi que disse – além de você para si mesmo – que você merece isso ou aquilo?
Não seria muito mais fácil não fazer mais nada? Permanecer onde está?
Por que tanto esforço? Não seria a desistência um sinal de coragem, de lucidez?
Por que o mero fato de falar de desistência representa uma ameaça, um tabu social? Como o alcoólatra que precisa que todos bebam, por que estamos sempre rodeados de mensagens de otimismo e persistência?
E por que apesar de não falarmos disso diretamente, estamos sempre indiretamente nos referindo à tentação de desistir?
Quando reclamamos do trabalho. Quando reclamamos dos colegas. Quando reclamamos da família.
Por que não assumir a tentação da desistência? E por que não assumir esse desejo do não-desejo como um dos nossos prazeres? Será que a insistência, afinal, não é uma forma de masoquismo? E os nossos desejos, por que não seriam eles os nossos tiranos?
#098 – Você já pensou em morar dentro de um livro que está lendo? Em fazer amizade com os seus personagens, em incorporar certos aspectos de seu estilo de vida?
Alguns livros asiáticos têm um poder de fascínio por meio do cotidiano. Neles, algo acontece, mas por trás da rotina. São livros que sabem combinar – e justamente por isso, ultrapassam – as dicotomias forma e conteúdo, reflexão e narrativa, tensão e distensão, desafio e leveza, prosa e poesia.
Com base no conceito de Nagomi, discutimos neste episódio de Prelo alguns elementos e princípios que poderiam inspirar a nossa prosa e a nossa poesia.
#097 – O episódio de hoje dá sequência à conversa sobre a Escrita Lenta. Por que você deve escrever num ritmo próprio, fazer menos e priorizar a qualidade na sua produção literária.
#096 – Durante bastante tempo – tempo demais, acredito –, fomos seduzidos por filmes, youtubers e livros de desenvolvimento pessoal a uma cultura da produtividade como sinônimo de felicidade. A ideia central desta cultura consistia na crença de que é possível e necessário desenvolver métodos de comprimir atividades e dilatar o tempo para fazer caber mais – mais trabalho, mais faturamento, mais ambições. A obsessão dos “high achievers” era derivada de uma versão corrompida do já tresloucado fordismo, transferido para os trabalhadores do conhecimento e funcionários de escritório.
Na literatura e nos seus irmãos mais mundanos, como o jornalismo e a produção de conteúdo, a moda pegou. A ideia era a de que deveríamos nos forçar a produzir a partir de “sprints” de escrita, de que dava para inventar de modo sequencial e uniforme, de que certos sistemas de organização aumentariam o nosso leitorado. 5000 palavras por hora. Opiniões sobre tudo. Um livro por semestre. Um conteúdo por dia. Nos acostumamos aos reels, aos nuggets, aos drops como modos de transmissão. Tanto o fazer quanto o consumir se atomizaram. É assombroso como essa tendência foi antevista ainda mais cedo, por um outro filósofo, Walter Benjamin, que vai escrever em um dos seus textos clássicos: “Hoje, nada se faz que não possa ser abreviado.”
A reação não tardou a chegar e foi generalizada. Crises de burnout e depressão em todas as esferas da sociedade, o abuso de álcool e de opioides, e uma espécie de confirmação pela experiência de que uma quantidade maior de horas trabalhadas não correspondia a um aumento da produtividade. Passamos a estudar as aparências, mais do que as coisas: como “se sair bem” numa entrevista, como criar um perfil. O filme foi substituído pelo trailer. A paixão pelas teorias motivacionais. O livro pelo autor.
Já desde antes da pandemia, assistimos a um outro movimento, uma reação ao primeiro. Ele vai afirmar o contrário do que se dizia. Quer mais? Faça menos. Faça melhor. Seja mais inteligente. Pense grande. Ganhe fôlego. Esvazie-se para que algo novo possa surgir. As 50 horas de trabalho semanais são uma armadilha de subserviência e domesticação. Elas nos tornam repetitivos e apáticos. Se as pessoas tivessem mais tempo livre, elas renderiam mais. O único modo de saber para onde estamos indo é parar.
Obras como “A única coisa”, de Gary Keller e Jay Papasan, “Essencialismo”, de Greg McKeown ou “Não Faça Nada: a batalha pela economia da atenção”, de Jenny Odell, defendem isso. O fazer, pura e simplesmente, é uma forma de alienação. Fazer por fazer é uma tolice. Escolha aquilo que merece a sua atenção. Aquilo que você sabe fazer, que é reconhecido e que encontra aí a sua paixão. Há muita coisa interessante a depreender destes livros. Nada melhor que limpar a agenda: eliminar o supérfluo; automatizar (pelo hábito ou pela tecnologia) o recorrente; delegar o que não é seu e que outros fazem melhor do que você. Aplicando certa filosofia e orientação, vai caindo a ficha de que a maioria de nós nunca nos ensinou de fato a trabalhar (planejar, pensar atividades, combiná-las de modo integrado aos nossos ritmos internos).
Na escrita, a equivalência é a da escrita lenta. Nas redes, da produção lenta de conteúdo. Ao invés de pílulas, fragmentos, versões repetidas do que se viu por aí, concentre-se na singularidade. Tome o seu tempo. Não tenha pressa. Abandone de vez a comida processada e o conteúdo ultraprocessados das redes.
No episódio desta semana de Prelo, falo sobre “A lentidão como método” e a Escrita Lenta. É uma proposta de revisão do modo como estamos escrevendo, e de como você pode aplicá-lo na sua rotina. Está mais que na hora de escrevermos no nosso tempo. De aceitarmos a oscilação dos ritmos próprios.
Como disparador da conversa, valemo-nos da obra "Slow Productivity", de Cal Newport. O livro que citamos é "Dionisio em Berlim", da Quelônio.
#095 – Os dias não nascem iguais.
Alguns começam bem e terminam mal. Uns são de festa, outros de ressaca.
Tem vezes que a gente acha que conquistou o equilíbrio, até que um pensamento ruim vem roubar o sono, e você passa duas horas para se acalmar e convencer-se de que está tudo bem de novo.
O budismo chama isso de doença do pensamento: raiva, desejo, insegurança estão sempre agitando as águas da nossa consciência.
É o amanhã que promete algo. É o amanhã que nos ameaça. É a dor na perna. É a mágoa e o remorso. Remordimento, remoer, morder, estas palavras compartilham a mesma origem: como se dentro de nós um roedor estivesse nos comendo vivos.
Na era do isolamento digital, perdemos recursos para lidar com estas ondas de humor. Ao que parece, a sociabilidade, por empatia e mímese, nos ensina a lidar com os nossos escrúpulos e neuroses. A alegria do amigo pode atenuar a nossa melancolia. A tristeza do outro ajuda a enxergar as próprias misérias com mais distanciamento.
Cultivar a paciência e a curiosidade perante a “outridade” do outro, com suas manias e particularidades, faz de nós criaturas melhores.
No episódio desta semana de Prelo, falo da influência sobre o ato criativo de duas forças aparentemente antagônicas: a autonomia e a sociabilidade.
Nesses pouco mais de quarenta minutos, vou te mostrar, a partir de experiências e investigações científicas, como que fazer parte de alguma comunidade de autores pode te ajudar a emancipar a sua atividade das oscilações cotidianas. E como cuidar disso que parece exercer tanto efeito sobre como nos apresentamos para o mundo: a confiança em si e no que se faz.
#094 – Existe uma mitologia do intelectual, do criador, do inventor, certamente derivada do deus monoteísta, fundador do céu e da terra, um homem enorme, de barbas brancas, onipotente e onipresente, que pressupõe um sujeito sério, sisudo, mal humorado.
É curioso contrapor esta imagem a das pesquisas que têm saído nos últimos anos, e que afirmam: o bom humor estimula a nossa criatividade, o impulso de fazer, a riqueza associativa. Com ânimo (com alma), as palavras se sentem convidadas a participar do jogo, e temos mais disponibilidade de experiências e repertório simbólico.
Este episódio discute isso: como fazer frente a esta força inercial do desânimo, da confusão, do sentimento de "para quê", de que nada vale a pena.
E quais os recursos temos à disposição para estimular este humor, para tornarmo-nos dispostos e despertos para inventar e sonhar?
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Abaixo, listo as referências bibliográficas utilizadas no livro:
Isen, A. M., Daubman, K. A. and Nowicki, G. P. (1987). Positive affect facilitates creative problem solving. Journal of Personality and Social Psychology, 52(6), 1122-1131.
Fredrickson, B. L. and Branigan, C. (2005). Positive emotions broaden the scope of attention and thought-action repertoires. Cognition & Emotion, 19(3), 313-332.
Lyubomirsky, S., King, L. and Diener, E. (2005). The benefits of frequent positive affect: does happiness lead to success? Psychological Bulletin, 131(6), 803-855.
Tegano, D. W., Sawyers, J. K. and Moran, J. D. (1989). Problem-finding and solving in play: the teacher's role. Childhood Education, 66(2), 92-97.
Ali Abdaal. Feel Good Productivity: How to Do More of What Matters to You
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