"Nós estamos no começo do fim da era do petróleo". Essa é uma das sínteses dos resultados da COP 28 - a conferência da ONU sobre mudanças climáticas - na avaliação do diretor executivo do SOS Mata Atlântica, Luís Fernando Guedes. Apesar dos avanços, o ambientalista destaca o "copo meio vazio": "o texto não fala de prazo e não há um meta estabelecida". Em entrevista ao jornalista Marco Antonio Soalheiro, Guedes disse que apesar dos avanços, é necessária maior ambição em face do "emergência climática". Em relação à participação brasileira no evento, ele avalia que o país se recolocou na condição de uma das lideranças sobre o tema, apresentando propostas, como medidas para redução do desmatamento em florestas e a cobrança de maior apoio dos países desenvolvidos aos emergentes. O diretor da SOS Mata Atlântica criticou, no entanto, a ambiguidade do governo brasileiro, quando o ministro das Minas e Energia sinaliza a ampliação da exploração de petróleo e, o presidente Lula, a adesão à OPEP+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados). No campo interno, Guedes aponta que a principal ameaça às políticas de proteção ambiental hoje é o Congresso Nacional, onde tramitam projetos de lei que vão no sentido contrário, como o marco temporal para definição das terras indígenas, alterações no licenciamento ambiental. Apesar de toda a urgência climática, ele aponta que ainda temos tempo para reverter a situação. "Para isso, é preciso dar um cavalo de pau" e lista quais as principais tarefas para garantir um futuro seguro.