Share Antropocast: navegando pela Antropologia
Share to email
Share to Facebook
Share to X
By Fred Lucio
5
11 ratings
The podcast currently has 36 episodes available.
O que poderia haver em comum entre o Totemismo e a sociedade de consumo?
O fenômeno do totemismo foi uma das primeiras manifestações culturais analisadas pela nascente antropologia no século XIX e que despertou um grande debate acerca da condição humana.
Inicialmente foi identificado como uma manifestação religiosa, fundada num misticismo pueril e irracional. As sociedades então chamadas "totemistas" foram classificadas como intelectualmente indigentes, estando na "infância mental da humanidade".
Como reação a esta visão etnocêntrica, o funcionalismo identificou no totemismo um princípio de classificação que atenderia a uma função de organização social.
Estas visões foram questionadas pelo estruturalismo que enxergava no fenômeno uma organização do pensamento que manifesta uma sofisticada lógica simbólica que, abusando da linguagem figurada, tematizava a relação Natureza e Cultura.
Dos estudos sobre Religião, passando pela psicanálise, a epistemologia e a ontologia, o totemismo tem sido um fértil terreno para se pensar diferentes aspectos das culturas humanas.
A partir dos anos 1980, antropólogos como Marshall Sahlins, Everardo Rocha e Roberto Da Matta, mostraram que, guardadas as devidas proporções, intensidades e formas, o totemismo está muito presente nas sociedades urbanas e industriais.
Utilizaram os princípios do totemismo para analisar aspectos simbólicos do sistema capitalista, como a publicidade e o consumo.
Desta forma, o fenômeno extrapola as chamadas sociedades tradicionais - onde ele foi identificado e analisado inicialmente - e se revela igualmente presente, de forma ressignificada, reelaborada e atenuada, em nossa sociedade industrial.
Afinal, o que é o fenômeno do totemismo e qual sua importância para as ciências humanas, e a antropologia em particular?
O que ele fala sobre nós, seres humanos?
É um fenômeno cuja abrangência se circunscreve às sociedades onde ele foi documentado de forma plena, ou ele encontra ecos e reverberações em nosso mundo urbano e industrial contemporâneo?
São alguns aspectos pensados neste episódio.
Siga-nos no Instagram: @antropocast
Avançando em nossa navegação no denso arquipélago da cultura, vamos aprofundar a reflexão explorando a ruptura da dicotomia NATUREZA/CULTURA.
Este episódio explora uma perspectiva não positivista de construção da Antropologia, a partir das contribuições de várias etnografias contemporâneas com destaque para as contribuições de um ex-orientando de Claude Lévi-Strauss, o antropólogo francês Philippe Descola.
A base clássica para esta reflexão remonta às análises feitas por Émile Durkheim, Marcel Mauss e, principalmente, Claude Lévi-Strauss, que revelaram formas de pensamento e de relação com o mundo que não se pautam pela maneira cindida e dicotômica com que o pensamento ocidental se construiu.
Esses trabalhos foram importantíssimos para iniciar esse processo de desconstrução do preconceito etnocêntrico de que as sociedades chamadas tribais seriam irracionais, vivendo na ilusão do mito e nas formas de pensamento que foram classificadas como pré-lógicas. E que o pensamento eurocentrado representaria um modelo universal deste relacionamento com o mundo.
Desafiando a ideia, universalmente concebida e percebida, de uma natureza completamente apartada do ser humano, Descola propõe 4 formas distintas de pensamento (epistemologias) e de existir, de ser no mundo (ontologias): o naturalismo, o totemismo, o animismo e o analogismo.
Ele argumenta que entender a maneira como as sociedades ameríndias percebem essas diferenças ontológicas é essencial para uma compreensão mais profunda da diversidade cultural e das relações humanas com o meio ambiente.
Com essa base, Descola se torna um dos principais pensadores que, ao trazer de maneira profunda uma perspectiva crítica da relação entre natureza e cultura, oferece uma perspectiva concreta de novos modelos para pensar a Ecologia, a Sustentabilidade, a exploração dos recursos... aspectos importantes do mundo contemporâneo.
Algo que vem se mostrando absolutamente necessário e urgente.
Siga o Antropocast no Instagram: @antropocast
Website: https://fredlucio.net/
Dando uma pausa nas nossas reflexões sobre as questões teóricas envolvendo o par dicotômico Natureza/Cultura, neste episódio, no formato Antropocast convida, batemos um papo com a designer gráfica Marise De Chirico (@marisedechirico) sobre as relações entre o campo do Design e a Antropologia.
A partir da sua própria trajetória de vida, e de uma disciplina eletiva que ela ministra (intitulada Design e Ativismo), nossa convidada navega por reflexões pensando o Design como uma ciência social aplicada e sobre como a perspectiva das ciências sociais podem ajudar a enfrentar os desafios (teóricos, metodológicos e práticos) do campo do design.
As referências citadas no episódio estão no site do Antropocast (fredlucio.net).
Siga-nos no Instagram: @antropocast
Agradecimento especial à Christiane Couteux, pela leitura dos poemas de Ryane Leão.
Referências:
Pequeno manual antirracista
Djamila Ribeiro
Companhia das Letras, 2019
Emprecariado — Todo mundo é empreendedor. Ninguém está a salvo
Silvio Lorusso
Clube do livro do design, 2023
Descolonizando afetos: Experimentações sobre outras formas de amar
Geni Núñes
Paidós, 2023
Políticas do design: Um guia (não tão) global de comunicação visual
Ruben Pater
Ubu, 2022
Arte e Ativismo: Antologia
André Mesquita, Charles Esche e Will Bradley
MASP, 2021
Links:
design ativista
az mina
revista recorte
adote uma causa
podcast lombada
Sem dúvida alguma, um dos temas mais apaixonantes e mais atuais que está na ordem do dia, de muitas discussões, de muitas conversas, é a nossa relação com o planeta.
Questões como aquecimento global, nossa relação com o meio ambiente, sustentabilidade, temas ligados à ecologia, o Antropoceno, palavra que passou a ocupar o vocabulário das pessoas nos últimos tempos.
São temas que despertam paixões e, ao mesmo tempo, trazem questionamentos bem poderosos sobre a atual estrutura social, política e, principalmente, sobre a estrutura econômica.
Tudo isso fala sobre a nossa concepção do que é a natureza e da nossa relação com aquilo que nós chamamos de natureza.
Nas últimas décadas, as pesquisas etnográficas com sociedades indígenas na América do Sul têm trazido novas luzes que vem redirecionando as nossas reflexões sobre esse tema.
Nesse episódio, propomos pensar o lugar do ser humano na natureza, a partir do par de oposição que se construiu no pensamento ocidental, na chamada tradição do pensamento ocidental e que dá título ao episódio: Natureza e Cultura.
No próximo episódio, será feita uma reflexão sobre a virada epistemológica que as pesquisas etnográficas na América do Sul, a partir da perspectiva de pensamento de sociedades indígenas, especialmente com os trabalhos de Philippe Descola e Eduardo Viveiros de Castro.
Siga o Antropocast no Spotify.
Instagram: @antropocast
Webpage: fredlucio.net
“Cultura ou civilização... é este todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, leis, moral, costumes, e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro da sociedade” (Tylor 1871:1).
Para a grande maioria das pessoas, a origem do Dia Internacional da Mulher remonta a um episódio, ocorrido nos Estados Unidos: um incêndio intencional numa fábrica onde operárias estavam em greve. Todas foram mortas incineradas. Esta é a versão prevalente no imaginário popular. Entretanto, nada mais longe da verdade.
Neste episódio, conversamos sobre estas e outras questões com a socióloga Maria Lygia Quartim de Moraes (do núcleo e estudos de gênero Pagu, da Unicamp). Como se poderá ver, é uma história muito mal contada e que envolve ocultações, apagamentos, conflitos e criação de fake news.
Dicas de Leitura:
Alexandra Kollontai - La journée internationale des femmes;
Françoise Picq - Le mythe du 8 mars L’histoire d’une découverte;
Wikipedia - Dia Internacional da Mulher.
Lucio, Fred. Alteridade e ressignificação memória e história sobre o mito fundador do Dia Internacional da Mulher. In: RAHMEIER, Clarissa Sanfelice; SANTI, Pedro de (orgs.). Existir na cidade 2: memória. São Paulo: Editora Zagodoni, 2020.
Lucio, Fred. Desconstruindo o mito sobre a origem do Dia Internacional da Mulher. Texto publicado no blog: Planeta Filosofico.
Siga o Antropocast na sua plataforma de áudio. Siga-nos também no Instagram: @antropocast.
Mais detalhes sobre o episódio e dicas de leitura: https://fredlucio.net
Analisar o fenômeno da cultura é um dos maiores desafios quando se pretende uma apresentação sintética e introdutória, como é o propósito do Antropocast.
Como um fenômeno que, em grande medida, define o ser humano (e, por extensão, a própria Antropologia), ele é altamente complexo e envolve um emaranhado de outros fenômenos e, consequentemente, conceitos. Além de possibilitar uma infinidade de abordagens.
Na década de 1950, os antropólogos Alfred Kroeber e Clyde Kluckhohn, enfrentaram o enorme desafio de investigar quais as acepções de cultura as pesquisas e teorias antropológicas haviam criado para tratar deste fenômeno. Reuniram e organizaram 164 definições diferentes: descritivas, normativas, psicológicas, estruturais, históricas e tantas outras.
Hoje, essa tarefa seria ainda muito mais difícil, dada a complexidade das transformações que o mundo vivenciou nas últimas décadas, o que foi acompanhado pelas ciências sociais.
Para abordar esse complexo fenômeno e os vários conceitos e perspectivas a ele relacionados, inicialmente vamos propor três eixos de reflexão:
a) A origem etimológica, os vários sentidos da palavra e o debate sobre Cultura e Civilização;
b) Os binôminos Natureza/Cultura e Humanidade/Animalidade, percorrendo a questão simbólica, os determinismos e as teorias biologizantes sobre a cultura;
c) Finalmente, uma exposição sobre as vária correntes teóricas (escolas de pensamento) na Antropologia.
Esses serão alguns dos temas abordados nos próximos episódios para analisarmos - sempre de forma introdutória, mas não superficial - o fenômeno da Cultura.
Não vai ser uma tarefa fácil. Mas, vamos nessa!
Siga-nos no Instagram: https://instagram.com/antropocast
Episódio no formato "Antropocast Convida".
O que é Decolonialidade como categoria? Quais as diferenças entre decolonialidade e descolonização?
No formato "Antropocast Convida", este episódio é um bate-papo com o filósofo Marcos Silva e Silva, nosso navegador convidado, sobre algumas questões a respeito da Decolonialidade, a partir de um viés Filosófico.
Marcos Silva e Silva é graduado em Filosofia e Psicologia, com mestrado em Filosofia pela PUC-SP. Tem doutorado em Educação pela PUC-SP (com foco no ensino de Filosofia). Fez especialização no nível de pós-graduação lato sensu em Ensino de Filosofia pela UNESP. E, finalmente, fez estágio pós-doutoral em Psicologia Social pela UERJ.
Música Introdutória: Lejos, Kenny Arkana (trecho extraído do Spotify). Para ouvir a faixa integral, clique aqui.
Keny Arkana é uma rapper franco-argentina que atua nos movimentos de antiglobalização e desobediência civil. Em 2004 fundou um coletivo musical chamado La Rage du peuple (traduzindo livremente: A raiva do povo), no bairro de Noailles, Marselha (França).
Siga o Antropocast no Instagram: @antropocast
Visite a página do episódio no Website para as leituras sugeridas: https://fredlucio.net
The podcast currently has 36 episodes available.
163 Listeners