Há um relato de um incidente ocorrido no século 19 em algum lugar da Inglaterra.
Uma criança foi encontrada morta. Logo eles acusaram um camponês aprendiz maçom de ser o assassino, pois um item pessoal dele foi encontrado próximo ao corpo e alegando que a vítima havia sido usada para realizar rituais horríveis.
O aprendiz foi preso e ficou desesperado. Ele sabia que era um bode expiatório e não teria chance em seu julgamento, principalmente conhecendo o juiz local, famoso por aplicar rigorosamente a pena de morte por enforcamento e contrário aos princípios maçónicos desta região, por não conhecê-los e por considerá-los incompatíveis com a fé que professava.
O Aprendiz então solicitou que trouxessem um Mestre Maçom de sua Loja com quem ele pudesse falar. E foi feito.
Inconsolável, o Aprendiz reclama com o irmão Mestre sobre a pena de morte por enforcamento que o espera, convencido de que farão de tudo para executá-lo. O mestre pedreiro o acalmou dizendo:
– Nunca pense que não há solução. Um verdadeiro maçom não teme a morte, tem uma fé inabalável e acredita na verdade e na justiça e nunca cede à ideia de que não há saída.
“Mas o que devo fazer, meu irmão? perguntou o aprendiz angustiado.
Não desista, e GADU vai te mostrar um caminho inimaginável.
Quando chegou o dia do julgamento, o juiz, alinhado com a conspiração para condenar o pobre Aprendiz à forca, ainda quis alegar que lhe daria um julgamento justo, dando-lhe a oportunidade de provar sua inocência. Ele ligou para ela e disse:
“Já que vocês, maçons, são homens livres de bom caráter e acreditam em tal GADU, deixarei que sua fé cuide desse assunto. Em uma folha de papel, escreverei a palavra “inocente”; no outro, "culpado". Você escolherá um dos dois, e o GADU decidirá seu destino.
O aprendiz suava frio. Ele tinha certeza de que era tudo uma encenação e que eles o condenariam de qualquer maneira.
Conforme havia planejado, ao preparar os papéis, o juiz escreveu em cada um deles a palavra "culpado". Normalmente, parece que as chances de nosso réu em questão passaram de 50% para estritamente 0%. Não havia possibilidade estatística de retirar o papel com a inscrição "inocente", porque não existia.
Recordando as palavras de seu irmão Mestre, o acusado meditou por alguns instantes e, com o brilho nos olhos que já mencionamos, atirou-se sobre os papéis, escolheu um e imediatamente o engoliu. Todos os presentes protestam: “O que você fez? Como sabemos agora qual foi seu destino? Rapidamente, ele respondeu: “É simples! Basta olhar o que diz o outro papel, e saberá que escolhi o contrário”.
Descobrimos então que a chance que era 0% era verdadeira apenas para os limites impostos por uma determinada situação. Com um pouco de sagacidade, por necessidade, foi possível recriar um contexto em que as chances de o réu vencer a adversidade saltasse de 0% para 100%. Ou seja, a simples recontextualização da mesma situação permitiu a inversão da realidade.
Por isso, um dos ensinamentos maçónicos é a observação cuidadosa da realidade das coisas, quebrando suas estruturas cristalizadas de ignorância que não reconhecem os diferentes componentes da realidade.
A impossibilidade pode ser uma condição momentânea e o verdadeiro Maçom que entende isso não desiste facilmente e sua força se expressa na possibilidade de sobrevivência diante das diversidades e sua fé inabalável no Arquiteto Supremo do Universo.