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AS ORIGENS E O SIMBOLISMO DA EXPRESSÃO MAÇÔNICA “DO MEIO-DIA À MEIA-NOITE”


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Por Irmão José Ronaldo Viega Alves

“Quando é Meio-Dia, teoricamente nenhum corpo projeta nenhuma sombra e o Maçom, por sua vez, começa a trabalhar sem fazer sombra a ninguém, ou seja, despojado de qualquer vaidade. Além disso, ao Meio-Dia – hora de maior esplendor do Sol, toda edificação, como a própria construção dos integrantes da Instituição, pode ser amplamente verificada com a devida precisão.” (D’Elia Junior, 2010, pág. 93)

COMENTÁRIOS INICIAIS

O horário que figura no título acima, é o de funcionamento da Loja de Aprendizes e, evidentemente, um horário simbólico.

Na literatura maçônica podem ser encontradas várias interpretações com referência à sua utilização.

A adoção dessa simbologia parece ter suas raízes fincadas numa antiga religião, o Zoroastrismo, fundada por Zoroastro, o qual instruía seus discípulos a começarem os trabalhos iniciáticos ao meio-dia, pois, com o sol no zênite, quando a sua luz chega ao máximo e, conforme a estação, há menos sombras ou mesmo nenhuma.

Por outro lado, o nadir que é o ponto oposto ao zênite é o que empresta seu significado ao término dos trabalhos maçônicos, ou seja, à meia-noite simbólica, hora de fechar a Loja, pagar os obreiros e despedi-los contentes e satisfeitos.

O Zoroastrismo acabou por dar origem a vários cultos, sendo que, o Mitraísmo foi o que mais se destacou entre eles, tanto que acabou ganhando a preferência dos soldados romanos, e consequentemente virar o maior concorrente do Cristianismo. O fato é que o Cristianismo venceu, e no final da história também acabou adotando alguns pontos do Mitraísmo, depois de adaptá-los.

Identificar resquícios, diretamente ou indiretamente provindos dessas antigas religiões presentes no simbolismo e na ritualística maçônica, as quais envolviam a prática do culto solar, não é o mesmo que sustentar que a Maçonaria cultua o sol, no entanto, é bastante notória uma influência que foi herdada por conta dessas crenças e que tem sua utilização do ponto de vista simbólico em determinadas passagens de alguns Rituais maçônicos.

ZOROASTRISMO E MITRAÍSMO

Falemos sucintamente no que consistia o Zoroastrismo e o Mitraísmo em primeiro lugar: o Zoroastrismo era uma religião muito antiga cujo nome era derivado do seu fundador, o grande legislador persa chamado Zoroastro. Os criadores do Zoroastrismo foram bastante habilidosos no que se refere à sua teologia, sendo que é considerada no seu todo como uma das primeiras religiões monoteístas, conceito que os egípcios haviam desenvolvido anteriormente. Além disso, foi uma das religiões menos belicosas e sangrentas, considerando-se as que lhe eram suas contemporâneas naquele mesmo período.

Mas, o Zoroastrismo não permaneceu em seu estado original por muito tempo e entre os cultos derivados do mesmo, sobressaiu o Mitraísmo, o qual guardava uma semelhança nos seus dogmas básicos, ainda que, concedesse a esses últimos, valores diferentes.

O Mitraísmo tem o seu nome relacionado diretamente a uma das divindades menores do Zoroastrismo chamada Mitra, a qual lutava lado a lado de Aura-Mazda (deus supremo e criador do mundo) contra as forças do mal. Mitra era o deus do dia e o deus do sol. O culto solar praticado no Mitraísmo tinha como a noite mais comprida do ano a de 24 para 25 de dezembro, que significava o início do solstício de inverno naquele hemisfério. Nesta data era celebrada a festa do natalis invicti solis (nascimento do sol vitorioso).

O Mitraísmo se afirmou com o tempo e mais adiante foi trazido para o Ocidente pelos romanos. Consequentemente, acabou se espalhando por todo o império romano.

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Malhete PodcastBy Luiz Sérgio F. Castro