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é uma questão de sobrevivência.
se você não barganha, eles botam o produto vendido na sacolinha da cor dos otários. todo mundo do mercado vai saber e te passar pra trás. mas, se a performance levar ao melhor preço, a sacola é de outra cor. e fica até mais fácil negociar a próxima compra. as cores mudam de tempos em tempos, código vivo entre mercadores, não adianta te falar qual cor é qual.
barganhe selvagemente. é uma questão de economia e honra e pode ser divertido. e é uma cena. todos estão encenando, dê o seu melhor. “o mundo é um palco”, foi Shakespeare que disse isso.
Mercado Sarojini, Nova Delhi, Indiamas poderia ser o Grand Bazaar em Istambul, a Medina de Túnis, o Mercado de Chichicastenango, etc
rua estreita com camadas e camadas de roupas penduradas em cabides equilibrados em ripas de madeira pregadas nas paredes, roupas dobradas em pilhas à frente, roupas em araras, roupas voando, camadas e camadas de formas, cores e texturas. a música-tema de um grande filme de Bollywood toca ao fundo.
COMPRADORES indianos e estrangeiros passam observando a mercadoria, pedindo pra ver uma ou outra roupa pendurada, tentam ver se cabe no corpo sem vestir, inspecionam o acabamento, buscam defeitos, negociam. o Mercado Sarojini é abastecido pelas peças com pequenos defeitos que grandes marcas estrangeiras devolvem pras fábricas.
MERCADORES chamam clientes, anunciam ofertas, dobram e desdobram, penduram e despenduram roupas.
LIVIA entra pelo arco no centro da cena. é uma mulher branca de rosto bronzeado, usa chinelo, calça tailandesa cinza amarrada ao corpo, camisa branca de tecido fino e manga comprida, chapéu de aba larga. seu ritmo lento, observando atentamente, contrasta com o movimento frenético do mercado.
atrás dela entram: MAHA, mulher negra que usa óculos de grau, vestido colorido de mangas curtas que vai até o chão, sandália rasteirinha; e STEFI mulher branca de cabelos finos arrepiados com gel, veste camiseta preta, calça preta e chinelo (preto).
MAHA (para LIVIA e STEFI, em tom de confidencialidade): amigas, aqui a gente tem que barganhar mesmo, até chegar no preço justo. blusa tem que custar 100, no máximo 150 se for mais chique. calça, vestido e short até 300, não mais que isso. vestido, até 500 rúpias. eles vão pedir o triplo, quádruplo, quíntuplo, viu?
continua em eusouatoa.substack.com
By Livia Aguiaré uma questão de sobrevivência.
se você não barganha, eles botam o produto vendido na sacolinha da cor dos otários. todo mundo do mercado vai saber e te passar pra trás. mas, se a performance levar ao melhor preço, a sacola é de outra cor. e fica até mais fácil negociar a próxima compra. as cores mudam de tempos em tempos, código vivo entre mercadores, não adianta te falar qual cor é qual.
barganhe selvagemente. é uma questão de economia e honra e pode ser divertido. e é uma cena. todos estão encenando, dê o seu melhor. “o mundo é um palco”, foi Shakespeare que disse isso.
Mercado Sarojini, Nova Delhi, Indiamas poderia ser o Grand Bazaar em Istambul, a Medina de Túnis, o Mercado de Chichicastenango, etc
rua estreita com camadas e camadas de roupas penduradas em cabides equilibrados em ripas de madeira pregadas nas paredes, roupas dobradas em pilhas à frente, roupas em araras, roupas voando, camadas e camadas de formas, cores e texturas. a música-tema de um grande filme de Bollywood toca ao fundo.
COMPRADORES indianos e estrangeiros passam observando a mercadoria, pedindo pra ver uma ou outra roupa pendurada, tentam ver se cabe no corpo sem vestir, inspecionam o acabamento, buscam defeitos, negociam. o Mercado Sarojini é abastecido pelas peças com pequenos defeitos que grandes marcas estrangeiras devolvem pras fábricas.
MERCADORES chamam clientes, anunciam ofertas, dobram e desdobram, penduram e despenduram roupas.
LIVIA entra pelo arco no centro da cena. é uma mulher branca de rosto bronzeado, usa chinelo, calça tailandesa cinza amarrada ao corpo, camisa branca de tecido fino e manga comprida, chapéu de aba larga. seu ritmo lento, observando atentamente, contrasta com o movimento frenético do mercado.
atrás dela entram: MAHA, mulher negra que usa óculos de grau, vestido colorido de mangas curtas que vai até o chão, sandália rasteirinha; e STEFI mulher branca de cabelos finos arrepiados com gel, veste camiseta preta, calça preta e chinelo (preto).
MAHA (para LIVIA e STEFI, em tom de confidencialidade): amigas, aqui a gente tem que barganhar mesmo, até chegar no preço justo. blusa tem que custar 100, no máximo 150 se for mais chique. calça, vestido e short até 300, não mais que isso. vestido, até 500 rúpias. eles vão pedir o triplo, quádruplo, quíntuplo, viu?
continua em eusouatoa.substack.com