Memória Capixaba de Fábio Pirajá

Cachoeiro de Itapemirim (Estudo de Região - 1952)


Listen Later

Cachoeiro de Itapemirim (Estudo de Região - 1952)O Observador Ano XVII - Março de 1952Estudo de RegiãoSITUADA na região serrana do Sul do Espírito Santo, em terreno acidentado do sistema da Mantiqueira, a cidade de Cachoeiro de Itapemirim é hoje centro de uma ativa área econômica em pleno florescimento.Construída a cidade numa garganta estreita do vale do Itapemirim, seu casario grimpa as elevações em aparente desordem. Alguns de seus edifícios repousamsobre colunas plantadas no próprio leito, com o terceiro pavimento ao nível da rua.O povoamento da região teve comêço no século XVIII, quando em pleno rush do ouro coloniza- dores e nativos se deslocaram para as Minas do Castelo. Somente no século XIX, porém, a ocupação da região pelo homem civilizado tomou forma e, em julho de 1856, a antiga Freguezia de S. Pedro do Cachoeiro foi elevada a categoria de vila e constituído o Município que, posteriormente, sofreu vários desmembramentos.Nas grandes fazendas que cedo se formaram e cujas origens remontam às velhas sesmarias, a cana de açúcar deu um primeiro sentido de riqueza, animando 0 comércio e adensando a escravaria.Num curioso estudo sobre as condições da lavoura capixaba, em 1862, o então presidente Costa Pereira registava a existência, em Itapemirim, de mais de quarenta "excelentes fábricas de açúcar, algumas das quais têm máquinas a vapor".Cedo, porém, o café, que começara a ser plantado na província aí pelos meados do século, derrotou a cana de açúcar, mercê de seus maiores preços e das melhores condições de venda. Em 1889, segundo depoimento de Godofredo Silveira, mais de metade da população do Município empregava-se na cultura do cafeeiro.A abolição da escravatura, porém, causou ali, como em muitos outros centros, um grave choque econômico. Segundo refere Taunay em sua "História do Café", dos 13.403 escravos existentes em todo o Espírito Santo em 13 de maio de 1888 nada menos de 6.965 estavam no Município de Cachoeiro de Itapemirim, fato que deu margem a uma explosão de azedume de um lavrador republicano da região - Bento José da Silveira e Souza em carta dirigida a Saldanha Marinho e na qual, depois de dizer que a monarquia "só serviu para iludir a lavoura", acrescenta terem sido todos "roubados com os pretos, com a má lei de treze de maio". concluindo por fim ao afirmar que "ficamos todos pobres e, por isso, a monarquia tome rumo; o governo deve ser feito pelo povo".

...more
View all episodesView all episodes
Download on the App Store

Memória Capixaba de Fábio PirajáBy Memória Capixaba