O peso da cruz
Oitenta quilos pesava,
setenta e cinco ou oitenta,
a cruz que Ele carregava
na longa estrada poeirenta.
Andava um pouco, parava,
agora já não agüenta,
sangravam as mãos, sangrava
todo o corpo que a sustenta.
Caiu três vezes, pesando
sobre os seus ombros a cruz,
e os soldados o açoitando...
ai que peso Ele conduz!.
Exausto, ferido, exangue,
cabelos em desalinho,
escreve um poema de sangue,
no duro lenho de pinho..
O látego é duro e rude;
caiu... de novo se ergueu..
iá não há mais quem o ajude,
já não vive Cireneu...
Levanta... tomba de novo
sujo de pó, machucado
sob os deboches do povo
e o sadismo do soldado.
Seu olhar quase se apaga,
não há gemido nem rogo,
arde o corpo como chaga
vermelha chaga de fogo..
Tem quatro metros de altura,
os braços dois metros têm.
Como o madeiro tortura
o menino de Belém!.
Já não há palmas e festa
na mensagem dos caminhos
e a coroa rasga a testa
com punhaladas de espinhos.
Mas o peso mais pesado
que o carpinteiro conduz
não é do pinho entalhado
na forma infame de cruz.
Nem é o chicote ousado
que cicatrizes produz.
O que pesa é o meu pecado
sobre os ombros de Jesus!!!