Por Valerio de Oliveira Mazzuoli
“Disse Deus: Haja luz; e houve luz.” (Gênesis 1: 3)
O aprendizado no primeiro grau é catequese eloquente e significativa que deve ser incorporada ao espírito do Aprendiz Admitido com a devida seriedade.[2] Trata-se de labor que somente pode ser levado a cabo com esmero, pois as lições ali transmitidas são dotadas de simbolismo ímpar, sempre melhor compreensíveis por aqueles que se dedicam ao estudo consciencioso do grau. Um Aprendiz Admitido bem formado será, seguramente, um Companheiro de Ofício exemplar e um Mestre Maçom responsável, como se espera devam ser todos os maçons. Por isso é que hão de conhecer os princípios fundamentais de seu grau e apreendê-los com atenção.
É a Obrigação que torna o Aprendiz Admitido um maçom, pois esta – que em outros ritos é tida como um juramento [3] – é sempre íntima e verdadeira. Não há outro elemento que torna o Aprendiz um maçom, senão a sua Obrigação para com a Sublime Ordem. No entanto, para que essa Obrigação seja assumida, deve o Aprendiz provir do corpo de uma Loja de Maçons Livres e Aceitos legalmente constituída, devidamente reunida em um lugar representando o pavimento térreo do Templo do Rei Salomão, guarnecida com o L.S., o E. e o C., juntamente com uma Carta ou Dispensa de um Grande Corpo de jurisdição competente habilitando-a para o trabalho.
Em sua preparação, inicialmente, o Aprendiz é despojado de todos os seus metais. Não deve, ademais, estar nem nu nem vestido, nem descalço nem calçado. Deve adentrar ao Templo com o joelho e o peito esquerdos nus, de olhos vendados e com um laço ao redor de seu pescoço. A finalidade desse simbolismo é demonstrar que as riquezas e honras terrenas pouco importam à maçonaria. Conota, ainda, que devemos ser sinceros em nossas atitudes e nos trabalhos em que nos empenhamos, que devemos compreender as belezas da maçonaria antes que nossos olhos a contemplem, e que podemos ser retirados da Loja pelo laço caso não sejamos merecedores de ser tomados pela mão como um Maçom.
Naquela condição o Aprendiz é conduzido à porta da Loja e levado a dar um número próprio de batidas distintas, as quais são respondidas com outras tantas pelo lado de dentro. Quem vem lá?, questiona-se em Loja. São “pobres e cegos Candidatos desejosos de ter e receber uma parte dos direitos, luzes e benefícios desta Venerável Loja, erigida a Deus e dedicada à memória dos Sagrados Santos de nome João, assim como todos os Irmãos e Companheiros que trilharam este caminho antes deles”, responde com segurança o 1º Diácono. Tal é a representação do que está escrito em Mateus 7:7-8: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e, a quem bate, abrir-se-lhe-á”. [4]
Após declarar a sua vontade, o candidato – que é homem nascido livre, de idade legal e bem recomendado – é então recebido na devida forma, isto é, com o joelho esquerdo nu, o direito formando o ângulo de um esquadro, a mão direita sustentando e a direita descansando sobre o L.S., o E. e o C., porque demonstra depositar a sua confiança em Deus. Para vários caminhos ele é transportado, no Sul, no Oeste e, finalmente, no Leste, em busca de Luz na maçonaria, tomando a solene Obrigação na posição devida, com os instrumentos adequados e na presença do L.S. Um instrumento pontiagudo é cravado em seu peito esquerdo, fazendo-o compreender que, assim como aquele instrumento o fere a carne, da mesma forma a sua lembrança ferirá a sua mente e consciência se tentar, ilegitimamente, revelar os segredos que lhe foram (ou serão) confiados.
Durante a Iniciação, a catequese do grau apresenta aos Aprendizes Admitidos certos SSn, um Tq, uma Pa e relembra os pontos perfeitos da Iniciação (isto é, o Peitoral, representativo da Fortitude; o Manual, representativo da Prudência; o Gutural, que conota a Temperança; e o Pedal, que conota a Justiça). São elementos que compõem os SSn do aprendizado neste grau (i) o