Fios do Firmamento

Céu do dia 23 de julho: Lua minguante e a suavidade de uma quarta-feira entre memórias precisas.


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Certa vez, perguntaram ao velho Mullah, o por quê dele jamais apressar seus passos, mesmo em dias urgentes.

— Porque aprendi com o vento a arte de voltar - disse ele, sem parar de mexer o caldo sobre o fogo.

Na aldeia, corria o boato de que Mullah possuía um segredo. Diziam que ele cozinhava um único prato há décadas, um ensopado que jamais esfriava, isso mesmo quando ninguém vinha jantar.

Um forasteiro, movido pela dúvida, resolveu desvendá-lo. Esperou o velho sair e correu até o fogão. Foi quando levantou a tampa da panela e ela.... estava vazia. Apenas um leve vapor subia, com cheirinho de saudade.

Quando Mullah voltou, apenas sorriu de canto de boca.

— O que mantém o prato quente, disse, não é o que se coloca nele, mas o que se retira.

O forasteiro nada entendeu. Mas naquela noite, sonhou com sua infância e acordou em silêncio. Pela primeira vez em anos, não sentiu pressa ao mastigar o tempo.

Olá, meu nome é Patrick Mesquita, astrólogo tradicional, dedicado há mais de uma década à escuta sensível dos céus e das histórias que neles se entrelaçam. No podcast Fios do Firmamento, este nosso refúgio sonoro, costumo costurar reflexões que unem a poesia dos astros com pensamentos provocadores, para que você possa atravessar o tempo com mais precisão… e menos ruído.

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Agora sim, vamos ao céu do dia...

Hoje é quarta, 23 de julho.

Há dias em que o tempo parece ter voltado a caber nos relógios. Como se, depois de atravessar um vendaval de acontecimentos, algo em nós finalmente assentasse. Hoje amanhecemos assim, com a impressão de que o mundo diminuiu o tom de voz e voltou a falar num tom mais baixinho.

Amanhecemos com a Lua minguante no signo do seu domicílio, Câncer. O calor do fogão aceso, o cheiro de memória no café passado, os retratos que insistem em sorrir das paredes. Depois de tocar Júpiter no signo de sua exaltação, ainda na madrugada, a prateada parece ter aprendido uma lição gentil: a de que grandeza, às vezes, é saber recuar. É ceder ao silêncio, sem perder a doçura.

Lua minguante, fleumática, retraída, que guarda no ventre as águas da memória e da escuta. Seu andar é mais introspectivo, mas não menos potente. Porque é ali, na quietude dos bastidores, que certas compreensões nascem. Não há mais urgência de provar nada ao mundo. Apenas o desejo de cuidar, de compreender o que sobrou depois que as ondas passaram.

O dia segue leve, como uma folha de papel em branco sobre a mesa. Nada de excessos. E ainda assim, tudo vibra. Mais tarde, por volta das 21h41 do horário de Brasília, a Lua em Câncer forma um sextil com Marte em Virgem. Um encontro entre a ternura e o refinamento da ação. Marte, que cruza agora o limiar do Nodo Sul, parece agora menos impetuoso. Dizem os antigos que quando um maléfico está com o eixo nodal Sul, seu malefício é mitigado. Pois nem toda força está em avançar. Às vezes, a sabedoria está no recuo, não o do medo, mas o da depuração. Aquela velha história: Dois passinho para trás para depois dar um passo maior à frente.

Quantas vezes em nossa vida a ação mais honesta não foi a de voltar atrás, rever, afinar, esvaziar o gesto de orgulho? A Lua, ao mirar esse Marte mais sensível e voltado para o detalhe, parece lembrar que o cuidado começa pelo olhar atento. Que a pressa de resolver pode destruir o que o silêncio pacientemente costura.(continua…)

Ouça por completo o podcast Fios do Firmamento e assine nossa |dharma newsletter|Até a próxima!Patrick Mesquita



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Fios do FirmamentoBy Patrick Mesquita