Fios do Firmamento

Céu do dia 24 de julho: Lua nova em Leão e o pacto silencioso com Saturno em Áries.


Listen Later

Há muito tempo atrás, num reino onde o céu não tinha estrelas e os nomes eram dados pelo vento, nasceu uma criança em absoluto silêncio. Nenhum choro, nenhum som. Apenas o olhar — ardente como um carvão recém-aceso. Deram-lhe o nome de Asar, que em língua antiga queria dizer “aquele que traz o início”.

Mas Asar não falava. Caminhava entre os dias como quem escutasse alguma música que ninguém mais ouvia. Os anciãos murmuravam:— Ele carrega um fogo que ainda não aprendeu a dizer.

Aos sete anos, Asar subiu até o alto da colina onde morava um velho forjador de espelhos. Diziam que ele não fazia imagens, mas revelações. O menino ficou parado à porta. E o forjador, sem levantar os olhos, disse apenas:

— Se vieste em busca de resposta, volta. Mas se vieste em busca de tua pergunta, entra.

No centro da forja, Asar viu um espelho coberto por um pano escuro.— É isso que você guarda? — perguntou.O velho respondeu:— Não guardo. Apenas espero o momento em que alguém tenha coragem de se ver com o fogo aceso.

Asar puxou o pano.

No reflexo, não havia rosto. Só uma brasa — pequena, silenciosa, viva. E foi nesse instante que ele soube: a chama não se mostra inteira no começo. Ela começa oculta, como desejo. Como gesto que ainda não se atreveu. Como palavra que ainda não nasceu.

E então, pela primeira vez, ele sorriu.

Diz a lenda que Asar cresceu e se tornou um rei que não pedia fidelidade, mas presença. Um rei que sabia acender coragens nos outros — não com gritos, mas com perguntas.

E que todo ano, na noite da Lua invisível, seu espelho ainda reluz……esperando que alguém se lembre de que é preciso arder por dentro antes de se mostrar ao mundo.

Olá, meu nome é Patrick Mesquita, astrólogo tradicional, dedicado há mais de uma década à escuta sensível dos céus e das histórias que neles se entrelaçam. No podcast Fios do Firmamento, este nosso refúgio sonoro, costumo costurar reflexões que unem a poesia dos astros com pensamentos provocadores, para que você possa atravessar o tempo com mais precisão… e menos ruído.

🌿 Antes de seguirmos, um convite especial: Se esse céu que você ouve aqui, de leve ou em profundidade, ressoa em você, te convido a assinar a Dharma Newsletter: um espaço íntimo de partilha, onde os astros ganham corpo, voz e sentido. Por lá, você recebe, gratuitamente, pinceladas poéticas, orientações simbólicas e respiros astrológicos.

E, se desejar apoiar este trabalho, com um valor simbólico você passa a acessar conteúdos ainda mais profundos: interpretações de textos antigos, análises refinadas da tradição, comentários exclusivos, além de benefícios como descontos em atendimentos, e condições especiais em nossos cursos e serviços.

✨ Ah, e se estiver nos ouvindo pelo Spotify, avalie com 5 estrelinhas, é rápido, gratuito e nos auxilia a manter esse fio aceso com dedicação. E aproveita também para seguir @dharmastrologia na sua plataforma favorita, assim você não perde nenhum passo do céu e ainda estuda a Arte astrológica com erudição e poesia!

Agora sim, vamos ao céu do dia...

Hoje é 24 de julho, quinta, dia de Júpiter

Há dias em que o mundo parece se curvar para recomeçar. Um instante de sombra limpa o quadro e, como num suspiro contido, a vida se prepara para dizer algo novo. A Lua, agora quase invisível, não desaparece: recolhe-se. E ao fazê-lo, ensina.

Nesta, quinta, a Lua abandona as águas do Caranguejo e cruza o umbral de Leão. A travessia ocorre no pino do meio-dia, quando ela já estará pisando no território onde o astro rei reina soberano. Horas depois, às 16h21, ela se entrega completamente ao Sol, selando com ele um pacto silencioso: o início de uma nova lunação.

É uma Lua nova, de qualidade quente e úmida, temperamento sanguíneo, que carrega a promessa do germinar. Como a primeira faísca que não se vê, mas já aquece a lenha. Tudo ainda é silêncio, mas um silêncio grávido de vontade. A lunação ocorre no segundo grau de Leão, signo do coração exposto, do gesto corajoso, da chama que pulsa no centro do peito. Começa aqui uma estação que pede presença, mas não qualquer presença, aquela presença que arde com sentido.

Ainda no começo desse trajeto, a Lua recém-ingressa em Leão forma um trígono com Saturno retrógrado em Áries. Um Saturno que anda de marcha ré, desgastado, indisposto a oferecer estrutura. A cena lembra o velho mestre, hesitante e ferido, entregando ao jovem rei um mapa antigo. O céu parece dizer: “Arrisca, mas honra teus limites. Cria, mas conhece tua moldura”.

(continua…)

Ouça por completo o podcast Fios do Firmamento e assine nossa |dharma newsletter|Até a próxima!Patrick Mesquita



This is a public episode. If you'd like to discuss this with other subscribers or get access to bonus episodes, visit dharmastrologia.substack.com/subscribe
...more
View all episodesView all episodes
Download on the App Store

Fios do FirmamentoBy Patrick Mesquita