Como disse Cícero: *Ut sementem feceris, ita metes. (Ci. de orat.) *Como você semeou, você colherá.
O preconceito é uma ideia comum a um certo número de pessoas, e que é considerada por elas como uma verdade. Esta maneira de pensar está ligada à natureza profunda do homem. Talvez devêssemos, para começar, nos perguntar, sem julgamentos de valor, qual é a função primária do preconceito. O preconceito é uma ideia comum a um certo número de pessoas, e que é por elas considerada uma verdade. Esta maneira de pensar está ligada à natureza profunda do homem. Talvez devêssemos, para começar, nos perguntar, sem julgamentos de valor, qual é a função primária do preconceito. Nós maçons, não podemos deixar de considerar o preconceito como uma realidade útil, a saber: um método de pensamento positivo contra o qual nosso dever nos obriga a lutar, contra o qual nossa razão nos conduz, contra o qual nossa inteligência se revolta e desperta nosso senso de humor. Ainda assim, o preconceito nada mais é do que uma mancha na margem, um dos quadrados pretos de nosso pavimento de mosaico, uma forma de revelador.
Cuidado com toda ingenuidade, o preconceito adquire sua pouca utilidade na exata medida em que, reconhecido e testado, torna-se o ponto de partida de nossa reflexão. Sem descurar o facto de os preconceitos se aplicarem a quase todos os objetos ou Seres observados, podemos assim tentar a análise das suas origens num dos mais arcaicos e persistentes: o preconceito racista.
No início, a xenofobia estava, sem dúvida, ligada à agressividade animal, ao medo do contato entre os seres vivos. A defesa do seu território natural era por eles compreendida como garantia do seu abastecimento, pelo que foi inicialmente, de certa forma, o “medo de ser comido pelo outro” que instituiu esta reação. As qualidades ou defeitos desse misterioso “outro” eram então julgados, para garantir um lugar de observação, uma opção de defesa, fuga ou confraternização. Infelizmente, a longo prazo, embora todos os dados tivessem evoluído, evitámos questionar esses reflexos, definimos hierarquias, prioridades, poderes mais ou menos fictícios, perante os quais reagimos com rigidez.
Resumindo, nós prejulgamos! Essas conjecturas nasceram, portanto, de um marco útil (o tigre usa listras verticais pretas) e depois evoluíram, com o tempo, em reflexos escleróticos, (as listras pretas verticais são perigosas) para acabar em certezas absurdas, (a zebra dá azar). Foi assim que os preconceitos se tornaram parte integrante daquela parte de nossa psique que Carl Gustav Jung chamou de “a Persona”, termo derivado do grego “prosopon”, que significa “máscara”. Ou seja: o rosto que damos a ver publicamente, a adaptação do nosso ser singular às normas sociais, a nossa aparência, as nossas atitudes conscientes perante o mundo exterior, fruto de um compromisso com o que queremos ser e com o que podemos parecer, respondendo às expectativas, às exigências da sociedade em que estamos inseridos.
A partir daí, o indivíduo escolhe certo número de ideias preconcebidas que o ajudaram a preservar seu status social, seu conforto emocional e intelectual, sua autoconfiança ou sua desconfiança dos outros.
Baseou-se em pseudocertezas para se consolidar na imagem que queria impor, em contradição com o que realmente era. A afirmação absurda de uma diferença coletiva, o uso de um "pronto-a-pensar" comum à tribo tornou-se um elo essencial em sua necessidade vital de se enquadrar no grupo.
No entanto, nossa verdade não é necessariamente o que sonhamos ser nem o que a sociedade gostaria que fôssemos. Se pudermos, antes de o ter descoberto, conceber uma ideia precisa do que é o nosso autêntico "eu", longe das máscaras e mais perto do coração, verifica-se que, seja qual for o caminho de desenvolvimento pessoal escolhido, os preconceitos são obstáculos à a realização do ser humano.
Daí resulta que quanto mais o indivíduo é “unificado” e bem estruturado, menos tem preconceitos, pois o desenvolvimento da nossa estrut