Davi mandou [buscar Bate-Seba] e a trouxe para o palácio; tornou-se ela sua mulher e lhe deu à luz um filho. Porém isto que Davi fizera foi mau aos olhos do Senhor. […] O Senhor enviou Natã a Davi. (2Sm 11.27; 12.1)
Se pararmos de tentar encobrir nosso pecado, Deus estará disposto a cobri-lo.
O pecado de adultério de Davi com Bate-Seba (ou muito possivelmente até o estupro desta) foi agravado por seu encobrimento, providenciando que seu marido, Urias, fosse morto. Mas o plano parecia ter funcionado magistralmente. Davi se casou com Bate-Seba, e ninguém soube de nada. Seguiu-se um tempo de engano e silêncio. Davi acreditava que tinha tudo sob controle. O pecado frequentemente nos engana, fazendo-nos pensar assim. Mas o que os outros pensam de nós e o que Deus diz de nós são, muitas vezes, casos bem diferentes.
Deus sabia o que os outros não sabiam. Ele enviou um profeta ao rei. No entanto, Natã não apareceu à porta de Davi para ir direto às acusações ousadas. Ele simplesmente contou uma história sobre um homem rico com muitos rebanhos e manadas pegando injustamente o único cordeiro de um homem pobre, o que despertou a compaixão de Davi pelo homem injustiçado e a raiva pelas ações do homem rico. Então Natã entregou a devastadora moral da história: “Tu és o homem” (2Sm 12.7).
“O Senhor enviou Natã a Davi.” Eis aí seis palavras de uma maravilhosa graça! O Senhor não permitiria que seu servo Davi descansasse confortavelmente em seu pecado. Por mais desagradável e difícil que tenha sido para o rei enfrentar seu pecado, a razão pela qual Deus enviou o profeta a Davi foi porque ele o amava. Deus concedeu a Davi algo que ele não merecia, e este respondeu às palavras de Natã com humildade e arrependimento. Como Deus interveio e Davi confessou, a história terminou não com desespero e culpa, mas com libertação e graça (veja Sl 32.5-6). Como Derek Kidner escreve, “O alívio de admitir o erro, e a graça que o acompanha […], ambos superam completamente o custo”.
Isso é verdade para nós não menos do que foi para Davi. Podemos temer que, se desistirmos de nossos próprios jogos de encobrimento do pecado, nossa reputação sofrerá. Porém, se você está acomodando a imoralidade em sua vida, não importa quão bem pode escondê-la do mundo observador. Em última análise, o mundo observador é irrelevante: Deus conhece seu coração. É por causa da fidelidade de Deus que ele nos persegue e não nos deixa permanecer confortáveis em nossa desobediência e rebelião. Embora possamos não ter um profeta como Natã enviado a nós, temos a Palavra de Deus para abrir diante de nós; é “viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, […] apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração. E não há criatura que não seja manifesta na sua presença” (Hb 4.12-13) — incluindo tanto a criatura que escreve estas palavras quanto a que as lê. Deus expõe nosso pecado para que o levemos a ele e seja coberto com o sangue de seu Filho.
O que ele está apontando para você agora? Você está tentando desculpar, justificar ou esconder isso? É hora de admitir o erro e parar de encobri-lo. O custo do pecado é em muito superado pelos benefícios do perdão.