ste é mais um episódio do Curioso por Ciência e, desta vez, o foco está na genética. Estudo de doutorado na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP mostra como a análise de micro-haplótipos, pequenas combinações de variações genéticas próximas entre si no DNA, pode melhorar significativamente a identificação da ancestralidade da população brasileira, superando métodos tradicionais mesmo com menos dados.

Esses micro-haplótipos funcionam como um conjunto de letras que sempre aparecem juntas numa mesma “palavra genética”. Por mudarem pouco ao longo do tempo são considerados marcadores confiáveis para comparação entre diferentes populações humanas. No caso do Brasil, cuja composição genética resulta da miscigenação entre indígenas, europeus, africanos e asiáticos, essa ferramenta se mostra especialmente valiosa.

A pesquisa permitiu selecionar micro-haplótipos em abundância e organizá-los em grupos capazes de estimar a ancestralidade com mais precisão. Um dos avanços foi a capacidade de detectar a presença de ancestralidade indígena, frequentemente sub-representada nos grandes bancos de dados genéticos usados internacionalmente.

Com essa tecnologia é possível compreender melhor as origens individuais e coletivas da população brasileira, como também aprimorar estudos nas áreas da saúde, da história e das ciências forenses, e tudo isso com uma abordagem pensada especificamente para a realidade genética do País.

O estudo intitulado Seleção de micro-haplótipos em larga escala para inferência de ancestralidade na população brasileira integra a tese de doutorado de Maria Luisa de Barros Rodrigues, orientada pelo professor Aguinaldo Luiz Simões, realizada no Programa de Pós-Graduação em Genética da FMRP e defendida em 2024.