No episódio desta semana, o Curioso por Ciência traz os resultados de pesquisa que investigou uma técnica chamada femuroplastia preventiva, que consiste em evitar as fraturas da parte superior do fêmur, próxima ao quadril, uma das lesões mais sérias em pessoas idosas. Na maioria das vezes, ela acontece com uma queda após um simples tropeço. Essas fraturas normalmente precisam de cirurgia e, ainda assim, muitos pacientes acabam enfrentando complicações.
A proposta dos pesquisadores foi de reforçar o fêmur saudável, aquele que ainda não quebrou, durante a cirurgia do lado fraturado, aplicando cimento ósseo em pontos estratégicos do osso para deixá-lo mais resistente. "É como reforçar uma parede com rachaduras antes que ela desabe."
Para realizar estes testes, os cientistas criaram modelos de ossos artificiais para simular o comportamento do fêmur. Assim, eles compararam os modelos comerciais mais usados no mundo, com versões criadas em impressoras 3D usando ácido polilático, um material mais acessível e sustentável. Esses modelos foram testados com diferentes tipos de perfuração e reforço com cimento ósseo, avaliando a resistência por meio de ensaios mecânicos, imagens digitais e simulações computacionais.
Os resultados mostraram que os ossos impressos em 3D tiveram um desempenho muito semelhante aos modelos comerciais, o que abre espaço para reduzir custos em futuras pesquisas. E o mais importante: quando o fêmur foi reforçado com o cimento, ele se tornou mais resistente. Além disso, as análises mostraram que o reforço ajudava a diminuir os pontos de fragilidade do osso.
Essas descobertas apontam que, no futuro, a femuroplastia preventiva pode se tornar uma estratégia viável para reduzir o número de fraturas em idosos com osteoporose. E mais: o uso de impressão 3D para criar modelos ósseos personalizados pode facilitar o avanço de estudos no Brasil.
A pesquisa Simulações biomecânicas de reforço preventivo para o extremo proximal de fêmur com osteoporose é parte do doutorado de Leonardo Rigobello Battaglion, orientado pelo professor Antonio Carlos Shimano, no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde Aplicadas ao Aparelho Locomotor, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, concluída em 2024.